Fed: Maioria vê fim de estímulos em meados de 2014

A ata da reunião de política monetária do Federal Reserve norte-americano realizada em setembro mostra que os participantes estavam preocupados quanto a anunciar uma redução no programa de compras de bônus do Fed num momento em que a economia dos EUA ainda parecia frágil e no qual novos riscos estavam emergindo. Ainda assim, a maioria dos integrantes do Comitê de Mercado Aberto (Fomc) manifestou a esperança de poder começar a reduzir o programa de estímulo até o fim deste ano.

Os dirigentes do Fed também manifestaram uma angústia considerável sobre os esforços do Fed para se comunicar com os participantes do mercado e sobre como o mercado reagiria à decisão de não anunciar, na reunião de 17 e 18 de setembro, uma redução no programa de estímulo à economia.

Segundo a ata, durante a reunião os participantes que eram favoráveis a manter o ritmo de compras de bônus inalterado manifestaram a preocupação de que anunciar até mesmo uma pequena redução levaria as taxas de juro de longo prazo a subir, à medida que os investidores interpretariam essa decisão como um sinal de que o Fed estaria disposto a encerrar sua política de dinheiro fácil mais cedo do que se esperava.

Aqueles que argumentaram em favor de uma redução manifestaram a preocupação “de que um adiamento poderia, potencialmente, minar a credibilidade ou a previsibilidade da política monetária”, possivelmente colocando em dúvida o compromisso do Fed com a chamada guidance para a perspectiva da política monetária no futuro.

No final, a decisão de manter o ritmo das compras de bônus foi “uma decisão relativamente apertada” para vários dos integrantes do Fomc, uma conclusão reforçada por declarações públicas feitas por vários membros do comitê nas semanas seguintes à reunião. A decisão de não reduzir o programa de estímulo em setembro surpreendeu muitos participantes do mercado. A ata mostra que os dirigentes do Fed reconheciam que havia uma expectativa ampla de que seria anunciada uma redução.

Na entrevista coletiva que se seguiu à reunião, o presidente do Fed, Ben Bernanke, disse que a política foi mantida porque a economia não se fortaleceu tanto quanto os dirigentes da instituição previam em junho. Segundo ele, os participantes da reunião também mostraram a preocupação com a elevação dos juros de longo prazo nos meses anteriores, que poderia ter impacto negativo na economia, e coma batalha que já se anunciava no Congresso dos EUA sobre as questões do Orçamento e do limite legal de endividamento do governo.

Essa última preocupação tornou-se realizada há nove dias, com o fechamento parcial do governo dos EUA no primeiro dia do novo ano fiscal, depois de o Congresso não conseguir aprovar o Orçamento. Agora, aproxima-se o dia em que o Tesouro não conseguirá mais pagar as contas do governo, caso o Legislativo não eleve o limite de endividamento.

A ata mostra que esses riscos pesaram bastante nas deliberações dos participantes da reunião de setembro. “Foram levantadas questões sobre os efeitos, no setor de imóveis residenciais e na economia como um todo, do aperto das condições financeiras nos últimos meses, assim como sobre os riscos consideráveis que cercam a política fiscal”, diz o documento.

O texto também sugere que havia, entre os participantes, opiniões divergentes sobre os indicadores econômicos. Aqueles que argumentaram pela manutenção do ritmo das compras de bônus “viam os indicadores como decepcionantes” e não estavam satisfeitos com o grau de melhora no mercado de mão de obra. Os que defenderam uma redução do estímulo viam os dados recentes como “consistentes” com a perspectiva de junho, quando Bernanke ofereceu pela primeira vez um esboço de cronograma para o início das reduções de compras de bônus neste ano. “Além disso, eles destacaram o que viam como um progresso cumulativo significativo nas condições do mercado de mão de obra” desde o início do programa, diz a ata.

Segundo o documento, vários participantes da reunião gostariam de começar a redução do programa de compras de bônus até o fim deste ano. Nas projeções econômicas que cada um dos dirigentes ofereceu antes do início da reunião, “a maioria dos participantes” dizia acreditar que seria apropriado começar a reduzir o programa de estímulo até o fim deste ano e encerrar o programa em meados de 2014.

“Um par de participantes pensou que era apropriado que a primeira redução no ritmo das compras de ativos acontecesse mais tarde, e um deles especificou que as compras provavelmente continuariam depois de meados de 2014; em contraste, um par de participantes pensou que o programa deveria terminar consideravelmente mais cedo do que em meados do próximo ano”, diz a ata. Fonte: Dow Jones Newswires.