Explicações de Palocci acalmam mercado

As explicações dadas pelo ministro da Fazenda, Antônio Palocci, no domingo, acalmaram o mercado financeiro ontem. Com isso, o dólar devolveu quase toda a alta registrada na última sexta-feira e fechou com a maior queda percentual em um dia desde janeiro de 2003. A divisa recuou 2,65% e encerrou a segunda-feira valendo R$ 2,385. Na sexta-feira, o dólar subiu 2,94% -maior valorização desde 31 de maio de 2004 – e fechou a R$ 2,45. A Bovespa, ontem, teve alta de 2,32%, movimento financeiro de R$ 1,078 bilhão em 27.260 pontos.

?O ministro Palocci falou com muita clareza, com muita firmeza e isso tranqüilizou o mercado?, afirmou Mário Paiva, da corretora Liquidez.

Miriam Tavares, da corretora AGK, avalia que a resposta do ministro da Fazenda à denúncia de corrupção foi ?equilibrada, sensata e convincente?.

Segundo Miriam, os esclarecimentos do ministro e as declarações firmes sobre a solidez da economia brasileira acalmaram o mercado. ?Mas a cautela continua. As atenções continuarão centralizadas nos desdobramentos da crise política interna nesta semana?, ressalta.

Entrevista

Anteontem, em entrevista de mais de duas horas, em Brasília, Palocci negou que tenha recebido mesada de empresas de lixo quando ocupava o cargo de prefeito de Ribeirão Preto (SP) e afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu mantê-lo no cargo, descartando mudanças na política econômica. O ministro sinalizou que não haverá guinadas populistas na política econômica, o que agradou os empresários e o mercado financeiro.

A entrevista foi motivada pelo depoimento do advogado e ex-assessor Rogério Buratti, que na última sexta-feira havia afirmado ao Ministério Público paulista que Palocci recebia, entre os anos de 2001 e 2002, R$ 50 mil por mês para favorecer empresas de lixo em licitações.

A oposição também parece ter dado uma trégua a Palocci. Após a entrevista, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), afirmou que seu partido não deve pedir a convocação de Palocci para depor em alguma das CPIs em funcionamento no Congresso.

O discurso também repercutiu bem em outros partidos da oposição, no governo, entre empresários e recebeu fortes elogios do presidente Lula.

Fazenda rebate acusações de que ministro mentiu

O Ministério da Fazenda divulgou nota, ontem, rebatendo a acusação feita pelo prefeito do Rio de Janeiro, César Maia (PFL), de que o ministro Antônio Palocci teria mentido durante a entrevista de domingo. ?O ministro recusa esta acusação, na medida que o contrato citado não foi objeto de questionamento na coletiva?, diz a nota.

Ainda no domingo, o prefeito disse em seu blog que o ministro mentiu ao não informar um contrato na área de limpeza pública no valor de R$ 41 milhões entre a Prefeitura de Ribeirão Preto (SP) e a empresa Leão&Leão. Na época da licitação, 2001, Palocci era prefeito da cidade paulista.

Segundo a assessoria de imprensa do ministério, realmente houve esse processo licitatório, mas que ele não está sendo questionado ?em nenhuma das instâncias de discussão do problema político atual?.

Ainda de acordo com a nota, a licitação foi feita para a operação de aterro sanitário, coleta e tratamento de resíduos de serviços de saúde e coleta de lixo reciclado.

A assessoria de imprensa informou ainda que o contrato está em vigor e foi aprovado pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.

Na entrevista dada anteontem, que durou pouco mais de duas horas, o ministro rebateu as acusações feitas seu ex-assessor e advogado Rogério Buratti. Ao Ministério Público de São Paulo, o advogado disse que o ministro, quando prefeito de Ribeirão, recebia R$ 50 mil por mês da Leão&Leão.

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