Empresas e consórcios temem problemas financeiros com paralisações na Comperj

Empresas e consórcios contratados pela Petrobras para a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) estão em alerta após quatro dias de paralisações nas obras. As empreiteiras temem um desequilíbrio financeiro e alertam para “dificuldades em honrar compromissos” por conta dos bloqueios de trabalhadores às obras, o que compromete a produção e amplia os custos do projeto. As empresas também criticam a omissão da estatal no caso.

Entre as empresas que atuam no Comperj estão empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato, como a UTC, Odebrecht, Mendes Junior, Toyo Setal, além de outras empresas subcontratadas. Elas formam diferentes consórcios que atuam em mais de 40 contratos de engenharia do complexo, orçado em US$ 13,5 bilhões.

O grupo, representado pelo Sindicato das Empresas de Engenharia de Montagem e Manutenção Industrial do Rio de Janeiro (Sindemon), considera a situação dos bloqueios “intolerável” e não há “nenhuma perspectiva” de solução por parte da estatal. As empreiteiras também afirmam que a paralisação ameaça o cronograma do projeto, além de prejudica a viabilidade dos contratos.

“A consequência maior é a perda de faturamento, que pode acarretar em desequilíbrio financeiro e dificuldades para honrar os compromissos com terceirizados”, afirmou um representante do Sindemon, sob a condição de anonimato. “A preocupação é que daqui a pouco seremos nós que teremos problemas com os fornecedores, em função do desequilíbrio”, completou.

As empreiteiras alegam ter custos diários com equipamentos, transporte e alimentação dos funcionários que não serão faturados pela Petrobras em decorrência da paralisação. Segundo um executivo das empresas, cerca de 30 mil refeições são descartadas diariamente com as paralisações.

A avaliação dos consórcios é que a Petrobras “não demonstra esforço” para resolver o conflito entre os trabalhadores e a empresa Alumini. Por meio do sindicato, elas têm notificado a estatal dos prejuízos e não descartam entrar na justiça contra as paralisações.

“Não temos tido retorno da Petrobras. De forma velada, ela cobra que as empresas e consórcios furem o bloqueio. Não vamos colocar a segurança dos funcionários em risco. Os funcionários da Petrobras conseguem entrar pois eles têm escolta de policiais militares”, afirmou um executivo que atua no Comperj.

Uma nova barricada está marcada para o local nesta terça-feira, 13. Desde a última semana, cerca de 2,9 mil trabalhadores da Alumini têm bloqueado o acesso ao canteiro de obras para pressionar a empresa a honrar as dívidas trabalhistas.

A empresa teve as contas bloqueadas pela Justiça do Trabalho após atrasos e demissões em outra obra da estatal, a Refinaria Abreu e Lima (Rnest). Como consequência, alega a empresa, não pôde pagar indenizações e atrasou salários no Comperj.

Em 2014, os conflitos aconteceram com trabalhadores de pelo menos cinco diferentes empresas que, alegando débitos com a Petrobras, descumpriram acordos e atrasaram o pagamento de salários e indenizações.

Para pressionar as empresas e a Petrobras, os trabalhadores formaram piquetes e bloqueios que acabaram em tumultos, com ônibus incendiados, operários feridos e intervenção da Polícia Militar e do Batalhão de Choque.

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