Efeitos de medidas fiscais devem se materializar nos próximos meses, diz Tombini

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou nesta terça-feira, 14, no evento BBA Macro Vision – International Conference 2015, que os efeitos das medidas fiscais adotadas pelo governo no começo do ano deverão se materializar nos próximos meses, de acordo com os prazos legais de cada uma delas. Ele citou que no primeiro bimestre as estatísticas das contas públicas ainda não foram “sensibilizadas” por esse conjunto de ações.

Tombini ressaltou que o governo está “propondo e adotando amplo, profundo e consistente conjunto de medidas fiscais, que inclui contenção de despesas correntes e parafiscais, eliminação de subsídios, realinhamento de tarifas públicas, bem como medidas de cunho mais estrutural”. Segundo ele, esse conjunto de ações busca assegurar uma trajetória favorável para a dívida pública.

O presidente do BC reiterou que o fortalecimento da política fiscal, “por meio de um processo consistente e crível de consolidação de receitas e despesas, rigorosamente conduzido”, facilita, ao longo do tempo, a convergência da inflação para o centro da meta. “Isto porque tanto a literatura quanto as melhores práticas internacionais identificam que um desenho de política fiscal consistente e sustentável contribui para aumentar a potência da política monetária.”

Balanço de pagamentos

Tombini afirmou que é esperada uma contribuição positiva do setor externo para a economia neste ano, especialmente com avanço das vendas de produtos e serviços do Brasil para o exterior. “A balança comercial deve voltar a apresentar superávit, influenciada pelo aumento das exportações, a despeito da retração dos preços das commodities, e pela redução das importações, dado o menor dinamismo da atividade doméstica”, comentou.

O presidente do BC vislumbra um comportamento do balanço de pagamentos “dentro do padrão de normalidade neste e nos anos” à frente. “Ressaltando que o fato de a taxa de câmbio situar-se em patamar mais depreciado do que o observado nos últimos anos milita favoravelmente para a redução do déficit em transações correntes”, completou.

De acordo com Tombini, o Brasil apresenta um balanço de pagamentos equilibrado, com a economia brasileira atraindo capitais estrangeiros em montante suficiente para financiar o resultado das transações correntes. “E estes capitais são representados, majoritariamente, pelo ingresso de investimento estrangeiro direto (IED). O IED, em 2014, superou os US$ 60 bilhões, representando quase 70% do déficit em transações correntes observado no período”, apontou.

Na avaliação do presidente do BC, o ingresso das demais modalidades de capitais manteve-se dentro da expectativa, destacando que a taxa de rolagem atingiu 153% no ano passado. “Para o ano em curso – 2015 – a perspectiva é de redução do déficit em transações correntes. O ingresso de capitais estrangeiros deve se manter em linha com o observado em anos anteriores, e o investimento estrangeiro direto deverá responder majoritariamente pelo financiamento das transações correntes”

Inflação

No discurso feito no evento Tombini enfatizou em algumas ocasiões que o BC continuará trabalhando para que a inflação convirja à meta de 4,5% no último mês do próximo ano. “Faz-se necessário manter a política monetária vigilante. Só assim vamos ancorar expectativas e assegurar a convergência da inflação para dezembro de 2016. Há compromisso firme da política monetária com a convergência da inflação para dezembro de 2016”, disse.

PIB revisado

Para Tombini, os indicadores do Produto de Interno Bruto (PIB) revisados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostram um quadro de maior avanço desde 2011. “Indicadores revisados do IBGE mostram quadro de maior avanço desde 2011.”

Ainda de acordo com o presidente do BC, 2015 passa por ajustes necessários e será um ano de transição. É dentro dessa transição que ele avalia que o nível de confiança dos empresários está baixo e que a expectativa é de retração da indústria e distensão do mercado de trabalho.

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