Dólar interrompe seqüência de quedas

Interrompendo uma seqüência de quatro quedas, o dólar comercial fechou ontem em alta de 0,28%, a R$ 2,826 ?praticamente a cotação mínima do dia. A modesta alta da moeda norte-americana acontece apesar das medidas anunciadas anteontem pelo Banco Central, que facilitam a exposição dos bancos ao risco cambial.

Importadores fazendo caixa para saldar compromissos lá fora e bancos em busca de lucros destacaram-se na compra. As empresas aproveitam o preço relativamente baixo da moeda norte-americana para pagar suas dívidas, e as instituições financeiras que venderam dólares quando as cotações estavam mais elevadas recompram-nos por menor valor.

Repercutiram positivamente as alterações no procedimento de rolagem da dívida cambial pelo Banco Central, também anunciada ontem. Agora o BC só vai rolar dívidas cambiais em duas etapas e com no mínimo cinco dias de antecedência do vencimento dos papéis. Mas a principal medida do pacote refere-se à redução em 50% do capital mínimo exigido das instituições financeiras para que possam operar no mercado de câmbio.

“O impacto da medida hoje (ontem) foi modesto”, avalia Vladimir Caramaschi, analista da corretora Fator Dória Atherino. Outros especialistas também disseram que as mudanças foram bem recebidas, pois o mercado entende que elas visam melhor organização dos procedimentos para reduzir as especulações com títulos cambiais.

Não se confirmou, por enquanto, o temor de que a maior disponibilidade de dinheiro pudesse causar elevação da moeda norte-americana – e que assim o BC estivesse agindo para tentar segurar as cotações.

Risco e dívida

Destoa do cenário otimista do mercado financeiro o avanço do risco-País de volta ao patamar de 800 pontos. O índice está em 799 pontos, com alta de 3,09%.

A explicação para esse aumento está na alta dos juros pagos pelos “treasuries” – títulos do Tesouro norte-americano – de longo prazo (5 e 10 anos). Como esses papéis estão se tornando mais atrativos, os investidores trocam o C-Bond – principal título da dívida externa brasileira por eles. Assim, aumenta o prêmio (remuneração) pedido pelos C-Bonds, que hoje são negociados a 87,625% do valor de face, em queda de 1,54%.

Como tecnicamente o risco-país mede a diferença entre o rendimento dos “treasuries” e o do C-Bond, isso se traduz em aumento do indicador.

A elevação do risco não significa, entretanto, queda da confiabilidade do Brasil. “Mas mostra o quanto a melhora desse indicador nos últimos meses está associada a fatores externos”, explica o analista Caramaschi.

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