Descobertas de petróleo mudam perfil da produção

Rio – A Petrobras descobriu reservas de 3,95 bilhões de barris de petróleo nos últimos 12 meses, volume equivalente a cerca de 35% das reservas provadas atuais. Deste total, 1 bilhão de barris são de petróleo leve – que produz derivados de maior valor, como a gasolina -, o que pode contribuir para uma mudança no perfil da produção brasileira no futuro, segundo o diretor de exploração e produção da companhia, Guilherme Estrella.

As reservas brasileiras atuais são dominadas pela existência de óleo pesado, o que leva a Petrobras a importar petróleo leve da Nigéria, Argentina ou de países árabes para melhorar o perfil de produção de combustíveis. Caso a tendência de descobertas de óleo leve seja confirmada, diz Estrella, trará impactos positivos no custo de refino e na balança comercial brasileira, pois contribuirá para a redução das importações.

As novas descobertas ainda precisam de testes para serem declaradas comerciais, mas Estrella está confiante nos “bons prospectos de óleo leve e nos bons prospectos de gás natural” encontrados pela companhia nos últimos meses. A qualidade do petróleo é medida pela sua graduação no American Petroleum Institute (API). As grandes reservas brasileira, de óleo pesado, oscilam pouco acima ou abaixo de 20º API. Os melhores petróleos mundiais, os árabes, estão acima dos 40º API.

As maiores reservas de óleo leve encontradas pela estatal neste último ano estão localizadas nas bacias de Santos, que tem perspectivas de 435 milhões de barris, e Espírito Santo, onde estima-se um volume de 450 milhões de barris. Na Bacia de Sergipe-Alagoas, há outros 150 milhões de barris. Nesta região, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) havia divulgado erroneamente que a estatal havia encontrado reservas de 1,9 bilhão de barris.

Estrella disse que as primeiras reservas de petróleo leve devem começar a produzir definitivamente em quatro ou cinco anos. Em até dois anos, porém, a empresa deve começar a extrair este petróleo em fase de testes. As reservas fazem parte dos blocos concedidos pela ANP no fim do monopólio estatal e devolvidos no dia 6 de agosto. A empresa ficou apenas com a área das descobertas para avaliação e, em caso de sucesso, produção.

O executivo informou, em conferência telefônica com analistas, que a estatal tem 123,8 mil quilômetros quadrados de áreas em exploração, 60% localizados em águas profundas (com profundidade de águas acima de 400 metros). A Bacia de Santos tem a maior parte desta área: 30% dela está na faixa de litoral que vai de Santa Catarina ao Sul do Rio de Janeiro.

Tributos

A Petrobras está fora das discussões sobre a redução da carga tributária no setor de petróleo, pleito das empresas estrangeiras que atuam no País. “Estamos explorando e produzindo em termos competitivos. Não vejo razão para que a Petrobras vá pedir ao governo mudanças no regime tributário”, argumentou. Além disso, acrescentou, a redução da carga pode prejudicar a estatal em termos de concorrência: se a empresa consegue vender produtos nas atuais circunstâncias e as outras não, explicou, não há porque entrar nesta briga.

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