Decisão do Copom divide analistas

Apesar de esperada, a manutenção da taxa de juros em 18,5% ao ano, decidida hoje (19) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, dividiu opiniões dentro e fora do mercado financeiro. Para alguns, foi a decisão mais sábia; para outros, o Banco Central foi muito conservador e demonstrou falta de confiança na própria política. A expectativa agora é que uma redução possa vir nos próximos 15 dias, já que o Comitê de Política Monetária (Copom) retomou o indicativo de queda, conhecido no jargão do mercado como viés de baixa. Desde junho do ano passado, o Copom não fazia uso do viés. ?O BC deveria ter ousado mais e isso ajudaria a criar uma percepção positiva. Não há razão para temer uma pressão inflacionária?, afirmou o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Horácio Lafer Piva. Segundo ele, o erro começou há dois meses, quando o BC interrompeu a trajetória de queda dos juros. ?Isso sinalizou que havia algum problema?, disse. ?É uma demonstração de falta de confiança na própria política?, disse Sílvio de Barros, diretor da Fiesp.

O diretor de Relações Institucionais da Federação Brasileira das Associações de Bancos (Febraban), Hélio Duarte, defendeu uma redução, mesmo que pequena, como forma de acalmar os mercados, mostrando que as perspectivas em relação aos próximos meses não são tão ruins. ?O BC tem de atuar na formação de expectativas?, disse.

?Foi uma decisão sábia e equilibrada. Não há nada que recomende uma baixa de juros neste momento?, rebateu Carlos Alberto Vieira, presidente do banco Safra. Na sua avaliação, como a trajetória de queda da inflação ainda não está assegurada  uma diminuição dos juros agora passaria para o mercado financeiro uma ilusão. ?O BC deixou aberta a possibilidade de reduzir mais na frente, se achar que o cenário é favorável?, disse.

Para o deputado Delfim Netto (PPB-SP), o presidente e a diretoria do BC ganharam tempo para analisar com calma os desdobramentos das medidas anunciadas na semana passada e, somente depois disso, reduzir os juros, se for o caso. ?Foi um ato de prudência?, disse. ?O BC vem tendo dificuldades de administrar um sistema de metas de inflação com choques de oferta gigantescos.?

Ele afirmou ainda que os fundamentos da economia não estão perfeitos e que é difícil administrar um sistema de metas de inflação com a dívida elevada que o País tem atualmente e com o baixo nível de crescimento verificado nos últimos anos.

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