Décimo terceiro injetará R$ 2,13 bilhões no Paraná

O pagamento do décimo terceiro salário deverá injetar R$ 2,13 bilhões na economia paranaense esse ano, beneficiando quase 4 milhões de trabalhadores, segundo estimativa divulgada ontem pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos). Em termos nominais, o montante é 15% superior ao valor pago no ano passado (R$ 1,8 bilhão), mas o crescimento real será de 5%. “Apesar da queda de 2% na renda nominal dos trabalhadores, houve aumento do nível de emprego e variação salarial de 6%”, apontou o economista Cid Cordeiro, supervisor técnico do Dieese.

Por lei, o pagamento do décimo terceiro é obrigatório somente aos trabalhadores contratados com carteira assinada. No Paraná, há 1,47 milhão de pessoas no mercado de trabalho formal. Com renda média de R$ 680,00, esse grupo receberá R$ 999,6 milhões de abono de natal. Mais 1,14 milhão de inativos e pensionistas – com renda média de R$ 290,00 – ganharão R$ 330,6 milhões. Os 360 mil servidores públicos do Estado, que recebem em média R$ 1.070,00, terão direito a R$ 385,2 milhões de benefício. Já os 4,5 mil taxistas de Curitiba (cuja renda média é de R$ 440) devem ganhar R$ 1,98 milhão a mais em dezembro, com a cobrança da bandeira dois durante o dia todo (“o décimo terceiro dos taxistas”).

Juntos, esses quatro grupos de trabalhadores inseridos no mercado formal totalizam 2.974.500 pessoas com renda média de R$ 577,37, o que representa o ingresso total de R$ 1.717.380.000,00 na economia estadual. No mercado informal, o décimo terceiro não é obrigatório, mas é de praxe efetuar o pagamento. Pelos cálculos do Dieese, 1,02 milhão de trabalhadores sem carteira – que ganham R$ 408,00 por mês – colocarão mais R$ 416,16 milhões em circulação no Estado nesse final de ano. Ao todo, 3.994.500 trabalhadores paranaenses com renda média de R$ 534,12 injetarão R$ 2.133.540.000,00 na economia local.

Destinação

A maior parte desse volume de recursos (entre 50 e 60%) é destinada ao consumo. No Paraná, o Dieese projeta que R$ 1,2 bilhão do décimo terceiro se converta em compras. “É esse aumento na renda das pessoas que faz dezembro o melhor mês para o comércio”, assinala Cordeiro. Cerca de 30% do benefício é usado para quitação de débitos. “Isso se reverte em consumo na medida em que a população limpa seu nome na praça e se habilita para um novo crédito”, comenta o economista, acrescentando que a menor parte dos recursos do décimo terceiro é direcionada para aplicações financeiras. Por lei, as empresas são obrigadas a depositar a primeira parcela do décimo terceiro (correspondente à metade do valor) até 30 de novembro.

Cordeiro projeta aumento do consumo, porém de bens de baixo valor (média de R$ 20 por presente). “Será o terceiro Natal de lembrancinhas”, diz.

Ele chama a atenção para os bancos que adiantam o décimo terceiro. “Alertamos as pessoas a só fazerem a antecipação em caso de extrema necessidade porque a taxa de juros é elevada. Só é recomendável para pagamento de dívida com juros maiores que o do banco ou para despesas operacionais, como tratamentos de saúde”, destaca.

Indicadores aponta malta

Olavo Pesch

Os indicadores conjunturais da indústria paranaense em agosto sinalizam crescimento, como ocorre sazonalmente nessa época do ano. O trimestre de agosto a outubro representa o pico de produção industrial, pois é quando o setor fabrica os produtos que serão comercializados no Natal. Em relação a julho, a produção aumentou 6,85% e o nível de emprego cresceu 0,57%, correspondendo à criação de 2.318 vagas. Porém as vendas reais caíram 1,01%.

A arrecadação de ICMS industrial no Paraná declinou 3,89%, enquanto o consumo de energia do segmento teve elevação de 4,55%. O balanço foi divulgado pelo Dieese e Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Paraná (Fetiep). O setor industrial paranaense movimenta cerca de R$ 22 bilhões por ano e gera 412.237 empregos com carteira. Somando os informais, emprega 571.488 pessoas, 12,10% dos ocupados no Estado, conforme a PNAD 2001, do IBGE.

Comércio

As vendas do comércio varejista do Paraná cresceram 4,21% de julho para agosto, mas o único setor que aumentou as vendas foi o de combustíveis e lubrificantes. “Todos os segmentos que dependem de crédito ou renda do consumidor tiveram queda”, salientou o economista Cid Cordeiro, do Dieese. “Com o ingresso do décimo terceiro, a expectativa é que os outros segmentos recuperem as vendas no final de ano”. Em agosto, o comércio paranaense abriu 2.044 vagas, um acréscimo de 0,68% sobre julho. No mesmo período, o ICMS do setor teve incremento de 7%. Os dados foram divulgados pelo Dieese e Sindicato dos Empregados no Comércio de Curitiba e Região Metropolitana (Sindicom).

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