Cresce procura de imóveis para alugar

Todo início de ano e durante o mês de julho, a cena se repete em Curitiba: imobiliárias lotadas de interessados em alugar imóveis. São pessoas que aproveitam o período de férias escolares para se transferir para a capital em função do trabalho ou ainda que vêm estudar. A constatação é do Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR).  

?Há muita gente se transferindo para Curitiba nesta época do ano?, afirmou o segundo vice-presidente do Secovi-PR, Luiz Alfredo Dornfeld, dono da imobiliária Localite. Segundo ele, a procura se concentra em imóveis com aluguel de até R$ 800,00. ?Há grande procura por residências, em função do quintal, da garagem, de poder ter cachorros, economia de condomínio. Às vezes, o imóvel nem chega a ser anunciado e já é alugado?, comentou. Porém, afirmou, a maior oferta continua sendo de apartamentos.

O que seria motivo de comemoração para o setor acabou se transformando em preocupação. É que o aumento da demanda por imóveis para locação não é acompanhada pela oferta. ?Em Curitiba, a falta de imóveis para locação vem se acentuando nos últimos dois anos. Desde então, não tivemos mais reposição?, afirmou Dornfeld. Os motivos da baixa oferta, segundo ele, são vários: vão desde o baixo valor do aluguel, a dificuldade do proprietário em cobrar judicialmente o inquilino inadimplente e a alta tributação. ?Tudo isso tira o incentivo de investir em imóveis para locação?, comentou. Outra questão é o alto preço do imóvel novo. ?Nosso mercado é abastecido por imóveis usados. Como o novo está bem mais caro do que o usado, as pessoas não desocupam o velho e não temos reposição.?

Nas imobiliárias da capital, a discrepância entre a demanda e a oferta de imóveis para locação é facilmente percebida. Na Galvão Imóveis, é grande a disputa por imóveis menores – quitinetes e apartamentos de um ou dois dormitórios, próximos a universidades e cursinhos da região central. Segundo a gerente Marise Hartmann, para cada um desses imóveis existem, em média, seis pessoas interessadas. ?Por isso é importante que, nessa época, os proprietários coloquem seus imóveis à disposição para locação para atendermos essa demanda?, comentou.

Em outra imobiliária, a Apolar Imóveis Água Verde, neste mês estão sendo registradas quase 40 procuras por dia para locação. As angariações novas, porém, giram em torno de 15 por mês. ?O ideal seria chegar, no mínimo, a 30 por mês?, comentou a supervisora de locação Fernanda Luz. Segundo ela, há cerca de três anos, eram feitas cerca de 40 angariações novas por mês. ?Hoje, se houver uma por dia já está ótimo.?

Na Galvão Imóveis, a expectativa é que o número de locações cresça 20% este mês, na comparação com junho. Já na Apolar Imóveis, a procura por imóveis para locação chegou a dobrar. ?Entre ligações e visitas, a gente atendia cerca de 20 pessoas por dia no mês passado. Agora são 40?, afirmou Fernanda Luz. Ela admite que há dificuldade em atender tamanha procura e, muitas vezes, chega a haver lista de espera.

Expectativa

Para Luiz Alfredo Dornfeld, do Secovi-PR, o cenário pode se reverter em função da queda da taxa de juros. ?Há um ano, a taxa Selic era de 18% ao ano; agora é de 11,5%, com tendência a baixar. Isso leva a pessoa a diversificar os investimentos e apostar em imóveis?, destacou. Além disso, a construção civil está sendo reativada e há lançamentos no mercado, movimentando a economia.

Para quem pensa em investir em imóveis para locação, Dornfeld lembra que os mais caros geram menor percentual de retorno, enquanto os mais baratos, maior retorno. Segundo ele, imóveis de até 100 metros quadrados têm maior velocidade de locação e rendem cerca de 10% ao ano (aluguel mensal aproximado de 0,8% do valor do imóvel). Já os imóveis maiores e mais caros, de R$ 500 mil, R$ 600 mil, trazem retorno médio de 8% ao ano (entre 0,6% e 0,7% ao mês). Além do aluguel, o investidor ganha ainda com a valorização do imóvel, acrescentou. 

Reajuste tem sido bem maior que a inflação

Baixa oferta e grande demanda resultam, irremediavelmente, em alta nos valores dos aluguéis. É o que vem ocorrendo na capital paranaense. Segundo dados do Instituto Paranaense de Pesquisa e Desenvolvimento do Mercado Imobiliário e Condominial (Inpespar), ligado ao Secovi-PR, o aluguel residencial teve valorização média de 10,56% nos últimos 12 meses -bem acima da inflação medida pelo IPCA, que é de 3,69% no período. Conforme o levantamento, apartamentos de um quarto foram os que tiveram maior reajuste no aluguel (20,74%), seguido pelos apartamentos de dois quartos (20,45%) e de três quartos (20,36%).

?De dois anos para cá, houve uma recuperação nos preços de aluguel. Antes, anunciava-se um imóvel por R$ 800,00 e alugava-se por R$ 650,00. Hoje, sai por R$ 800,00 mesmo?, comentou Luiz Alfredo Dornfeld, do Secovi-PR. A baixa oferta está fazendo ainda com que o inquilino perca poder de negociação na renovação de contrato. Antes, era comum o inquilino pedir redução no preço do aluguel. ?Hoje nem justifica essa negociação?, comentou.

Segundo Fernanda Luz, da Apolar Imóveis, as pessoas ainda chegam a Curitiba imaginando que vão encontrar imóveis bem localizados e com aluguéis baratos. ?Elas chegam com a idéia de que o mercado está como antes, com preço de aluguel bem mais baixo do que em outras capitais. Elas vêm com essa idéia equivocada, mas depois que se situam concordam em pagar aluguel de R$ 600,00, R$ 650,00 até R$ 1,2 mil?, comentou. Segundo Fernanda, a preferência é por apartamentos de dois ou três dormitórios que já tenham alguma mobília, como cozinha e armários nos quartos. (LS)

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