Corte drástico no juro traria bolha de crescimento

Um corte drástico no juro básico não seria saudável para a Economia, segundo afirmações feitas ontem pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. A taxa está desde dezembro em 16,5% ao ano. Para Meirelles, uma queda forte no juro não “induziria” a um crescimento mais rápido da economia. “Isto geraria apenas uma bolha transitória de curto prazo e um retorno acelerado não do crescimento, mas sim da inflação”, disse ele, durante evento na Faap, em São Paulo.

O presidente do BC descarta ainda a utilização de outros mecanismos de combate à inflação. Para ele, o regime de metas, que prevê o uso da taxa de juros como instrumento de política monetária para combater a inflação, ainda é o sistema de “maior sucesso no mundo”.

“Temos uma longa experiência em tentativas fracassadas de combate à inflação por métodos heterodoxos. Tivemos congelamentos de preços, tablitas, controle cambial, moratória externa etc. Essas tentativas heterodoxas compõem uma longa lista de fracassos no Brasil e em outros países que tentaram caminhos semelhantes.”

Quanto ao Copom (Comitê de Política Monetária) do BC, Meirelles afirmou que as atas das reuniões definem com “clareza” todas as razões que embasam do ponto de vista técnico as decisões tomadas pelo comitê.

Estagnada

A economia brasileira não está estagnada, na avaliação do presidente do Banco Central, Henrique Meirel-les. No ano passado, o PIB brasileiro apontou retração de 0,2% em relação a 2002. No quarto trimestre, houve crescimento de 1,5% na comparação com o terceiro e recuo de 0,1% em relação a igual período do ano anterior.

“O resultado do crescimento médio do PIB (Produto Interno Bruto) em 2003 deve ser visto como o que é na realidade: uma fotografia da economia brasileira vista pelo retrovisor”, afirmou ele.

O presidente do BC destacou que houve queda na atividade econômica no primeiro semestre do ano passado por causa da crise de confiança gerada em 2002, no período pré-eleitoral.

O presidente do BC considera, porém, que o Brasil está no caminho de um crescimento de 3,5% ou mais para 2004.

“A economia cresceu fortemente no último trimestre, o saldo comercial é o mais alto da história, temos um superávit de conta corrente pela primeira vez em mais de uma década, os prazos médios dos papéis emitidos pelo Tesouro aumentaram, enquanto os custos caíram consistentemente. A dívida interna indexada ao dólar caiu de mais de 40% do total para cerca de 20% e as reservas internacionais estão sendo recompostas. É este o caminho para o Brasil que queremos”, disse.

Dólar cai e Bolsa sobe

O dólar teve a quinta queda consecutiva e fechou abaixo dos R$ 2,90 pela primeira vez desde o início da crise política no governo Lula. O elogio do FMI ao Brasil, em meio ao caso Waldomiro Diniz, foi interpretado como um sinal de confiança no país e contribuiu para uma baixa de 0,41% da moeda dos EUA, que terminou o dia cotada a R$ 2,894, menor valor desde 27 de janeiro passado.

Os investidores estrangeiros reagiram de forma positiva ao apoio manifestado anteontem pelo diretor-geral do FMI, Horst Köhler, após encontro com o presidente Lula. Ele indicou que o FMI poderá mudar o cálculo do superávit primário (dinheiro poupado para pagar juros da dívida) para permitir um maior investimento em infra-estrutura.

No horário do fechamento do dólar, o risco brasileiro recuava 4,49%, aos 552 pontos. Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, subiu ontem 3,42%, aos 22.498 pontos e giro financeiro de R$ 1,124 bilhão.

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