Contas do governo Lula são uma grande confusão

Brasília – O Sistema Integrado de Acompanhamento Financeiro (Siafi), principal instrumento de prestação de contas do governo na internet, registra zero de liberação na conta titular do Fome Zero. Pelo sistema, o Gabinete de Segurança Alimentar e Combate à Fome não gastou até agora um único centavo com o principal programa do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O mesmo acontece com os ministérios das Cidades e do Turismo, além das secretarias de Direito da Mulher, da Pesca e dos Direitos Humanos.

Um dos principais instrumentos de fiscalização usados pelos petistas no governo Fernando Henrique Cardoso, o Siafi se transformou num quebra-cabeça quase indecifrável até para quem está no governo. O sistema é tão confuso que, na quarta-feira, foi alvo de uma reunião no Ministério do Planejamento. No próprio governo há quem defenda a simplificação desse labirinto. “A gente gostaria muito que o sistema fosse mais claro. Ele está sendo complicado até para nós entendermos”, reconhece a secretária-executiva do Ministério das Cidades, Hermínia Maricatto.

Exemplo da confusão: no Siafi, em que são lançados os gastos do governo, a conta do Ministério do Turismo tem zero em liberações. Sequer registra os gastos com o ministro Walfrido Mares Guia. As quatro diárias pagas pela viagem dele a Madri há duas semanas, total de R$ 4.172, foram debitadas na conta do Instituto Brasileiro de Turismo do Rio de Janeiro (leia-se Embratur), bem como as diárias da viagem a Assunção (R$ 800) em maio.

No Gabinete de Segurança Alimentar, a situação é a mesma. Ao clicar, no computador, o nome do ministério, obtém-se a Unidade Gestora responsável (UG), código para o acesso aos gastos feitos por cada pasta. Mas ao se buscar a movimentação financeira do ministério com a conta apresentada, nada se encontra. Nem os R$ 20.156,14 de ajuda de custos e diárias gastos pelo ministro José Graziano.

Até os R$ 8.657,25 pagos a Graziano em diárias para a viagem que fez na quarta-feira à Europa foram lançados na conta da Secretaria de Administração da Presidência da República. Pelo Siafi, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social nem existe, e os R$ 28.386,30 a que o ministro Tarso Genro teve direito até agora aparecem nas despesas da Secretaria de Administração da Presidência. Assim como os R$ 32.197,20 já pagos ao secretário de Comunicação, Luiz Gushiken, e o auxílio aos titulares de todas as secretarias criadas pelo presidente Lula.

A pesquisa dos gastos do Ministério das Cidades mostra que Olívio Dutra tem R$ 1,6 bilhão à disposição, sem ter liberado nada. Para se calcular quanto o ministério gastou, é necessário descobrir que parte de sua execução é registrada na conta da Caixa Econômica Federal (CEF), que reúne ainda esporte e programas de outras pastas, e acessar cada uma de suas ordens bancárias.

Por isso, a secretária-executiva do Ministério das Cidades, Hermínia Maricatto, é uma das que defendem mudanças no sistema. Quer que essas despesas sejam consolidadas na conta do ministério.

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