Banco central

Consultorias e bancos esperam PIB menor no 3º trimestre

O resultado do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de setembro, divulgado nesta quinta-feira, 14, pelo Banco Central, reduziu o otimismo de consultorias e economistas para o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre do ano, que será conhecido no início de dezembro. O recuo de 0,01% do índice no mês acima, em relação a agosto, reforçou, na opinião do banco ABC Brasil, a expectativa de que o resultado do PIB no penúltimo trimestre de 2013 seja negativo.

Diante do resultado mais fraco do que o esperado no indicador, o Banco ABC Brasil decidiu revisar a projeção para o PIB do período para uma variação negativa de 0,10%. Antes, a instituição previa estabilidade na passagem do segundo para o terceiro trimestre. “Veio pior do que estávamos esperando (o IBC-Br), o que reforça a ideia de um PIB do terceiro trimestre fraco”, comentou o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otavio de Souza Leal. O ABC Brasil esperava que o IBC-Br viesse próximo a 0,30% em setembro ante agosto.

Para o quarto trimestre, a expectativa, no entanto, é de recuperação, com previsão de número próximo a 0,5%. “Esse recuo foi muito na margem, podemos ter uma surpresa positiva no quarto trimestre”, disse Leal, explicando: “Até pela discussão da renovação ou não do PSI (Programa de Sustentação do Investimento), que pode gerar uma antecipação de compras de caminhões e puxar os investimentos”.

O economista ressalta, contudo, que as projeções para o PIB levam em conta os modelos atuais, mas o IBGE irá inserir novas pesquisas no cálculo, o que pode alterar o resultado. “Ninguém sabe como a incorporação de novos resultados vai influenciar o indicador e isso pode trazer alterações bastante razoáveis no resultado final”, disse Leal. Mesmo assim, ele aponta que, “sem dúvida”, o pior período do ano será o terceiro trimestre. O Banco ABC Brasil projeta crescimento de 2,6% no PIB neste ano.

Tendências

O economista Rafael Bacciotti, da Tendências consultoria, estima queda de 0,3% do PIB no terceiro trimestre em função do resultado do IBC-Br de setembro. Ele cita dois indicadores que teriam colaborado para a pequena redução do nível da atividade entre julho e setembro: a queda de 1,4% da indústria de transformação no período e uma redução expressiva da velocidade das vendas no varejo pelo conceito ampliado, que inclui os setores de automóveis e construção civil. Em sua avaliação, esse indicador apresentou uma alta 0,2% no terceiro trimestre, na margem, depois de ter registrado avanço de 1% entre abril e junho pelo mesmo critério de comparação.

Diferentemente do economista do ABC, Bacciotti opina que o PIB do quarto trimestre não deve ter uma evolução significativa, pois estima estabilidade na margem. Um dos fatores, diz ele, que devem influenciar esse desempenho do nível de atividade no último trimestre do ano é um fraco ritmo para a produção industrial. Para ele, o setor manufatureiro deve ter registrado alta de 0,1% em outubro, na margem, o que é bem mais fraco do que a elevação de 0,7% registrada em setembro ante agosto.

“Um fator que deve colaborar para isso é a produção de automóveis. Com base em dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) dessazonalizados, a fabricação de veículos subiu 9,8% em setembro ante agosto, mas registrou retração de 8,4% em outubro em relação a setembro”, comentou.

O economista destaca que a desaceleração do nível de atividade no segundo semestre em relação à primeira metade deste ano está sendo em boa parte causada por uma redução da velocidade dos investimentos. Para ele, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) cresceu 7,4% no primeiro semestre ante o segundo de 2012. No entanto, prevê que esse indicador deve apresentar retração de 1,1% entre julho e dezembro deste ano em relação aos primeiros seis meses de 2013. “Deve influenciar essa redução do ritmo dos investimentos a diminuição da confiança de empresários e consumidores que começou a ser registrada há alguns meses.”

LCA

Já a LCA Consultores projeta que o PIB do terceiro trimestre fique no intervalo entre uma queda de 0,2% e uma alta de 0,2%, na série dessazonalizada. Para a consultoria, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de setembro divulgado nesta quinta-feira, 14, foi mais fraco do que a estimativa. “Comparativamente ao terceiro trimestre de 2012, o IBC-Br apresentou uma taxa de variação positiva de 2,7%, sugerindo variação semelhante para o PIB”, aponta a consultoria, em nota.

A LCA ressalta ainda que, quando se dessazonaliza a série trimestralizada do IBC-Br com o mesmo procedimento adotado pelo IBGE para ajustar o PIB, o resultado do terceiro trimestre é de contração de 0,5% na atividade econômica.

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