Comércio fecha o ano com números positivos

O desempenho do comércio varejista de Curitiba, Região Metropolitana e Londrina, em dezembro de 2003 foi muito bom, contribuindo para reduzir o impacto negativo das vendas no ano. Um dado extremamente positivo captado pela Pesquisa Conjuntural do Comércio, realizada pela Federação do Comércio do Paraná, foi o fato de as vendas em dezembro de 2003 terem superado as vendas de dezembro de 2002.

Havia um desejo aliado a uma grande expectativa nos diversos segmentos do comércio de que o desempenho do setor em Londrina e na Região Metropolitana de Curitiba melhorasse no último mês do ano. “Essa expectativa foi confirmada, indicando que uma série de variáveis conjunturais da economia auxiliaram tais resultados. Nesse sentido, destacam-se: queda dos juros ao longo do segundo semestre, as formas alternativas de crédito no mercado e a expansão da oferta monetária via redução do compulsório bancário. No entanto, não há como discordar que 2003 foi um ano difícil para as atividades econômicas do País e, principalmente, para o comércio”, diz o professor Vamberto Santana, consultor econômico da Fecomércio.

As vendas em dezembro comparadas ao mês anterior -novembro, cresceram 17,71% em Curitiba e Região Metropolitana. Mesmo assim, não conseguiram superar o desempenho de 2002, ficando com índice negativo de 4,62% na comparação com os doze meses do ano passado. Em Londrina, no mesmo período (dezembro comparado com novembro), as vendas conseguiram um crescimento de 9,33%. O emprego no ano de 2003 no comércio de Londrina superou o ano de 2002 em 6,06%.

Emprego e folha

O emprego gerado no comércio varejista da RM de Curitiba no ano de 2003 em relação ao ano de 2002 aponta uma queda no setor em 5,94%. A folha de pagamentos do comércio para o mesmo período, de acordo com as informações recebidas, aponta uma queda de 8,09%. Num ano difícil como foi 2003, esses números demonstram as dificuldades adicionais geradas para a mão-de-obra da RM de Curitiba, ou seja, população economicamente ativa em condições de trabalhar, mas que viu reduzidas as respectivas possibilidades de alocação no mercado de trabalho do comércio ao longo do ano.

Conclusões

O comércio em geral conseguiu uma alavancagem expressiva no último mês do ano, especialmente considerando a entrada do 13.º salário, e os gastos associados às festas de final de ano. Convém destacar que parte do 13.º salário foi destinado à quitação de dívidas anteriores, parcela, portanto, que não se traduziu em elevação das vendas.

Para o mês de dezembro, além do 13.º salário do período, houve a entrada no mercado de adicional monetário importante que ajudou na compra de mercadorias e serviços, estimulando bastante o desempenho do comércio no último mês do ano: liberação de nova parcela da correção do FGTS; restituição do imposto de renda na segunda quinzena de dezembro; antecipação do pagamento do salário de dezembro aos funcionários públicos do Estado do Paraná.

Outras variáveis econômicas de cunho expansivo também estiveram vigentes em dezembro e, na medida que permaneçam, poderão contribuir para melhorar o desempenho do comércio no decorrer do ano de 2004: política mais intensiva de queda nos juros; redução do compulsório bancário sobre depósitos à vista; queda nas alíquotas de alguns impostos para setores específicos (caso do IPI dos veículos); novas formas de utilização do FGTS; linha de empréstimo bancário a trabalhadores formais com desconto via folha de pagamento.

Dificuldade extra que está se perpetuando como pano de fundo no cenário nacional, a preocupar os empresários do comércio, é a carga tributária elevada para os padrões de uma economia em crescimento como a brasileira que, no acumulado dos três níveis de governo, se aproxima no ano de 37% do PIB (Produto Interno Bruto), que corresponde ao valor total dos bens e serviços gerados pela economia brasileira durante o ano.

Indústria teve pior desempenho desde 99

A produção industrial brasileira encerrou o primeiro ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com leve crescimento de 0,3%, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Apesar do crescimento apurado no ano passado, a indústria brasileira teve seu pior desempenho anual desde 1999, quando registrou retração de 0,7% na atividade industrial.

O resultado de 2003 é também bastante inferior ao verificado em 2002, ano em que houve expansão de 2,5% na atividade industrial. Em 2000 e 2001, a indústria havia registrado altas de 6,6% e 1,6%, respectivamente.

O juro alto, a falta de crédito, a queda no poder aquisitivo dos brasileiros e o desemprego impediram uma recuperação da demanda doméstica no início do ano. Esse movimento travou os negócios no comércio e, conseqüentemente, na indústria, principalmente no primeiro semestre, período em que a produção do setor apontou retração de 0,1% em relação a igual período de 2002.

O estimulo para a indústria em 2003 veio principalmente das exportações, que cresceram 21,1% e atingiram volume recorde de US$ 73,084 bilhões no ano. O superávit da balança comercial brasileira chegou a US$ 24,831 bilhões, crescimento de 89% em relação a 2002, maior saldo da história do País.

Melhora de demanda

No segundo semestre, porém, além do bom desempenho das exportações, houve uma melhora na demanda interna, que impulsionou o segmento de bens de consumo duráveis (como eletrodomésticos e automóveis), avalia o economista do IBGE, André Macedo.

Tanto que, no acumulado do quarto trimestre, o crescimento da atividade industrial foi mais intenso em relação o trimestre anterior (+3,3%) e na comparação com igual período de 2002 (+1,5%).

Ele destaca, por exemplo, a produção de eletrodomésticos, que acumulou expansão de 5,8% no segundo semestre, contra queda de 10,5% nos primeiros seis meses do ano.

Macedo atribui essa melhora ao “afrouxamento da política monetária e à criação de linhas de créditos especiais para consumo”.

Em fevereiro, o juro básico da economia subiu de 25,5% para 26,5% ao ano. Ficou nesse patamar até maio e recuou em junho para 26% ao ano, encerrando 2003 em 16,5% ao ano.

Tradicionalmente, no último trimestre a economia é mais aquecida também em razão da entrada do pagamento do 13.º salário e das vendas de Natal.

Já os setores que dependem de massa salarial continuaram com desempenho desfavorável no final do ano. É o caso dos semiduráveis e não-duráveis (alimentos, têxtil, vestuário e calçados, entre outros), que encerraram o período com queda de 5,5% na atividade industrial.

Setores

Dos 20 setores que fazem parte da pesquisa do IBGE, apenas nove tiveram crescimento em 2003, com a mecânica mantendo a liderança (+8,9%), tanto em termos de impacto sobre o índice geral como em relação à magnitude da expansão.

Outros destaques de crescimento foram metalúrgica (+4,5%) e extrativa mineral (+2,4%). Das 11 quedas, as mais significativas ficaram com as indústrias de vestuário e calçados (-12,5%), produtos alimentares (-2,7%), farmacêutica (-18,5%) e têxtil (-6,9%).

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