Comércio empregou e vendeu menos

O comércio paranaense encerrou 2005 contratando e vendendo menos do que no ano anterior. Um dos principais motivos foi a queda da renda agrícola, ocasionada pela quebra da safra e a redução da cotação de alguns produtos, tanto no mercado interno como no externo. A valorização do real frente ao dólar e a política econômica do governo federal, com a prática de taxa de juros elevada, também prejudicaram o desempenho do comércio, conforme análise do economista Sandro Silva, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR). Os indicadores do comércio paranaense foram divulgados ontem pelo Dieese, em conjunto com o sindicato e a Federação dos Comerciários.

Em 2005, o nível de emprego no comércio cresceu 6,16%, resultando em 25.183 novos postos de trabalho. O desempenho ficou abaixo do ano anterior – quando o nível de emprego havia crescido 9,52% -, mas acima da economia do Paraná como um todo, que registrou crescimento de 4,25%. ?Houve geração de empregos, mas teve uma desaceleração?, observou o economista.

O estoque de trabalhadores no comércio paranaense em dezembro de 2005 somava 433.722 – quase 20% do total de trabalhadores do Estado.

Entre as atividades que mais empregaram, destaque para a manutenção e reparação de automóveis, ônibus e caminhões, cujo nível de emprego cresceu 13,79%. No comércio atacadista, o de máquinas, aparelhos e equipamentos para uso agrícola registrou o maior crescimento, de 15,28%. Já no comércio varejista, destaque para o setor não realizado em lojas especializadas – crescimento de 558,08% – e o de alimentos, bebidas e fumo (13,42%).

Demissões

O presidente do Sindicato dos Comerciários de Curitiba, Ariosvaldo Rocha, disse estar preocupado com o grande número de demissões no comércio. Segundo ele, o sindicato recebe diariamente cerca de 160 pessoas para a homologação das demissões. A diferença salarial entre aqueles já efetivados e os que estão começando agora seria um dos principais motivos. Conforme levantamento apresentado pelo Dieese, em dezembro do ano passado o salário médio no comércio do Paraná para quem era admitido era R$ 468,87, enquanto o do demitido, R$ 529,41. ?A renda média do trabalhador está caindo ano a ano em virtude da política patronal de demitir os funcionários mais antigos, com mais experiência?, criticou Rocha.

Segundo ele, trabalhadores que estão empregados há um ano ou pouco mais são substituídos por novatos. ?Os empresários não vêem que estão afetando a eles mesmos. Diminuindo a renda do trabalhador, seu consumo também será menor?, analisou Sandro Silva. A intenção de Rocha é discutir a questão em nível nacional e lutar por determinada estabilidade no emprego.

Vendas

Conforme dados já divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas do comércio paranaense caíram 0,97% no ano passado, em relação a 2004. O maior impacto negativo veio de hiper e supermercados, com queda de 7,78%. O motivo seria a queda da renda agrícola, que atingiu especialmente o interior do Estado. Já os setores de móveis e eletrodomésticos e de tecidos, vestuário e calçados registraram crescimento de 16,02% e 0,90%, respectivamente. ?São setores ligados ao crédito?, justificou o economista. Para 2006, a expectativa é que tanto o emprego como as vendas do comércio registrem crescimento, segundo Silva. (Lyrian Saiki) 

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