China tem alta da inflação e desaceleração econômica

Dados sobre a economia chinesa divulgados neste sábado indicam um aumento na inflação e uma diminuição na produção industrial e nas vendas do varejo no país asiático. Depois de meses de inflação relativamente moderada, a alta nos preços pode, mais uma vez, preocupar as autoridades. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da China subiu 3,2% em fevereiro, ante fevereiro do ano passado, em ritmo mais acelerado do que os 2% registrados em janeiro, sobre igual mês de 2012.

O aumento no indicador de inflação superou a mediana de avanço de 3,0%, prevista por 14 economistas entrevistados pela Dow Jones, e representou a maior variação desde abril de 2012. Deve-se considerar que os preços também foram impulsionados pelo feriado do Ano Novo Lunar, época em que costuma se observar um aumento de preços dos alimentos e de outros produtos. “O governo chinês está enfrentando o dilema de lidar com um crescimento mais lento, paralelo ao aumento da inflação”, afirmou Ren Xiafang, economista sênior da IHS.

Analistas defendem que a China se afaste de seu modelo de crescimento do investimento para manter a inflação sob controle. “Acreditamos que, se Pequim pode reduzir a demanda de investimento, a inflação deve estar controlada”, disse o economista Lu Ting, do Bank of Merrill Lynck. Ting prevê que a inflação na China possa subir até 4% no fim do ano.

Embora o aumento nos preços ao consumidor na China tenha sido um pouco maior do que o esperado em fevereiro, alguns analistas acreditam que o índice poderá voltar a cair em março. Ainda assim, as preocupações não devem desaparecer.

“O aumento dos preços ao consumidor foi impulsionado pelo efeito do feriado, assim como reflete o afrouxamento da política monetária”, disse o economista da Nomura Zhang Zhiwei. Mas, ainda segundo Zhang, a preocupação com a inflação não terminou.

A produção industrial cresceu mais lentamente, com utemm aumento de 9,9% nos meses de janeiro e fevereiro sobre o mesmo período de 2012, após um ganho de 10,3% em dezembro, sobre o mesmo mês de 2011. O governo divulga os dados dos dois primeiros meses do ano para evitar distorções causadas pelo feriado do Ano Novo Lunar.

O premiê Wen Jiabao, em seu relatório para sessão anual do parlamento na terça-feira, definiu uma meta de inflação de 3,5% para este ano. Além disso, o banco central deu sugestões de um aperto monetário para o fim de 2013. Um dos principais desafios do governo neste momento são os preços de imóveis, que estão em forte alta, subindo 77,6% em relação aos níveis do ano passado.

A subida acentuada das cotações levou o governo a dizer, no início deste mês, que iria cumprir rigorosamente um imposto de lucro de 20% sobre as vendas de propriedade, como uma maneira de pressionar a atividade especulativa.

A variação de outros indicadores de atividade econômica nos dois primeiros meses do ano foi menos acentuada. As vendas no varejo cresceram 12,3% no primeiro bimestre deste ano, sobre o mesmo período de 2012. Em dezembro, o resultado havia sido de 15,2%, em relação a dezembro de 2011.

Os ativos fixos não rurais subiram 21,2% em janeiro e fevereiro deste ano, na comparação anual, uma aceleração a partir dos 20,6% registrados durante todo o ano de 2012. As informações são da Dow Jones.