China quer adotar tecnologia brasileira para produção de álcool

Nesta semana, integrantes do governo e empresários brasileiros participam, na China, de uma troca de informações com o objetivo de abrir mais frentes de investimentos em vários setores. Um deles é o de biocombustíveis.

Os chineses, há bastante tempo, mostraram-se interessados na forma como o Brasil produz e utiliza o álcool, obtido a partir da cana-de-açúcar. Embora não seja intenção do governo chinês a produção de álcool de cana-de-açúcar, o país tem interesse em conhecer como o Brasil produz, armazena e transporta álcool.

A missão comercial à China visitará as cidades de Macau, Hong Kong e Pequim, onde ocorrerá o seminário ?Oportunidades de investimentos no Brasil?. A viagem é chefiada pelo secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Welber Barral, e tem o objetivo de atrair mais investimentos chineses para o país.

O interesse pelo diálogo sobre biocombustíveis partiu dos chineses, de acordo com informações da coordenação do setor de açúcar e álcool do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

A China produz anualmente 100 milhões de toneladas de cana, produção destinada à produção de açúcar. O Brasil produz anualmente 500 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, 85% dessa produção concentrada no centro-sul do país e 15% no norte-nordeste.

Já houve iniciativa de produzir álcool do milho, no entanto o governo chinês recuou por perceber que, nesse caso, haveria uma competição com a pecuária. Em um país com uma população de 1,2 bilhão de habitantes, não seria estratégico destinar essa produção de milho para combustíveis, porque a prioridade é a produção de alimentos em larga escala. O milho produzido na China preferencialmente é destinado à alimentação do rebanho.

Em conversas mantidas com técnicos do Mapa, os chineses expressaram a intenção de extrair álcool a partir da mandioca, da batata e do sorgo doce, um cereal com alto teor de sacarose. ?A planta das refinarias, independente da matéria-prima, pouco muda. Além disso, [os chineses] querem saber como o Brasil transporta, como faz mistura com a gasolina, onde é feita essa mistura, como o Brasil armazena o álcool, o quanto se pode misturar sem comprometer os carros mais antigos?, explicou Luís Carlos Job, chefe de divisão da coordenação do setor de açúcar e álcool do Mapa. De acordo com o Mapa, cinco províncias da China já fazem a mistura de 5% de álcool na gasolina.

Para falar de investimentos em biocombustíveis, o representante brasileiro será o diretor do departamento da cana-de-açúcar e agroenergia do Mapa, Alexandre Strapasson.

Além da questão dos biocombustíveis, nos seminários serão apresentados projetos que superam os US$ 10 bilhões em investimentos nas áreas de infra-estrutura, logística e geração de energia. A missão faz parte das estratégias previstas no documento ?Agenda China: Ações Positivas para as Relações Econômico-Comerciais Sino-Brasileiras?, lançado na quinta-feira (3) da semana passada, em Brasília.

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