CDES recomenda índices setoriais

Brasília (AE) – O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) aprovou ontem relatório em que recomenda ao governo que todas as tarifas de serviços públicos, como telefonia, energia, água e transporte urbano, sejam reajustadas com base em índices setoriais de preços. Hoje, a maior parte é corrigida pelo Índice Geral de Preços (IGP), que sofre grande impacto da variação da taxa de câmbio e dos preços no atacado. A avaliação dos membros do Conselho é que a substituição do IGP pode reduzir a inflação em até 30%. Apesar dessa discussão não ser nova dentro do governo, o relatório será encaminhado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo presidente do CDES, ministro Jaques Wagner.

?Esse é um caminho que vai fazer com que a inflação caia de forma importante, contribuindo para que tenhamos uma política monetária menos conservadora e sufocante do que aquela que estamos experimentando hoje?, disse Luiz Carlos Delben Leite, coordenador do grupo de trabalho do CDES que elaborou o relatório. ?Se estamos hoje com um índice de inflação previsto de 5,2% para este ano, poderíamos estar observando algo entre 3,5% e 4%?, afirmou Delben Leite, ex-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

Delben Leite explicou que o relatório é uma resposta ao presidente Lula, que nas primeiras reuniões do CDES pediu aos conselheiros sugestões de novos meios para conter a inflação que não fosse elevar a taxa de juros. No relatório, os conselheiros avaliam que a indexação dos preços administrados pelo IGP é inadequada e ?impõe enormes sacrifícios à sociedade?, sobretudo porque contribuiu para que os índices inflacionários fossem maiores do que os projetados pelo governo.

O documento alerta, no entanto, que deve ser avaliado o momento certo de se mudar o IGP. A queda do câmbio neste ano fará com que, no ano que vem, o IGP tenha taxas de crescimento modestas. A área econômica já vem trabalhando para substituir o IGP por outros índices, mas isso é feito somente na revisão dos contratos.

Voltar ao topo