CCJ convida Meirelles para falar sobre Panamericano

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou hoje um requerimento convidando o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, e a presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, para falar na próxima quarta-feira sobre o megaempréstimo de R$ 2,5 bilhões ao Banco Panamericano. O autor do requerimento, o senador Antônio Carlos Júnior (DEM/BA), disse ter informações de que a injeção de recursos de públicos foi maior que o patrimônio líquido do Panamericano. O senador se referiu ainda à compra de 49,9% do capital do Panamericano feita pela Caixa Econômica Federal.

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) lembrou que essa transação de participação acionária foi realizada no ano passado. “Precisamos saber se a Caixa Econômica tornou-se sócia das dificuldades do Banco Panamericano”, defendeu Dias. “O País não pode socorrer banqueiros e deixar milhares de pessoas no plano secundário”, enfatizou.

Auditoria

Representantes das empresas de auditoria KPMG e Delloite, contratadas pela Caixa Econômica Federal e pelo Banco Panamericano, também serão convidados a falar sobre a situação do Panamericano. O convite a eles foi aprovado hoje na Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ), por meio de requerimento apresentado pelo líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP).

Os auditores serão ouvidos na próxima quarta-feira, dia 17, na mesma audiência em que o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, e a presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, falarão sobre as dificuldades do Panamericano. Os senadores querem saber por que os auditores não detectaram as inconsistências no balanço antes de a Caixa se tornar acionária do banco privado, com 49,9% de participação, no ano passado.

Para Mercadante, é preciso ter o esclarecimento total sobre esse episódio de “salvamento” do banco privado. Ele avalia, no entanto, que o governo brasileiro teria agido bem nessa situação, muito melhor que países como Estados Unidos e alguns da Europa que, para salvar bancos, utilizam recursos públicos em vez de privados.

Ontem, o Banco Panamericano recebeu um megadepósito de R$ 2,5 bilhões e teve toda a sua diretoria trocada. Esta foi a solução encontrada pelo Grupo Silvio Santos, pela Caixa Econômica Federal e pelo Banco Central (BC) para que fossem resolvidos os problemas da financeira sem que o novo sócio, a Caixa, tivesse de fazer aportes. O recurso foi obtido com o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), entidade privada formada por todos os bancos que operam no Brasil e que garante depósitos de clientes em caso de problema na instituição financeira.