"Mais depressa, sô!"

Carro elétrico anda muito devagar para o Brasil. Ainda nem apareceu

 

Lançado em 2006, o projeto Veículo Elétrico, encabeçado pela Itaipu Binacional e pela empresa suíça KWO, além de contar com a parceria da Fiat e Copel, entre outras empresas, prometia trazer a tecnologia do carro movido a eletricidade, já em estudos avançados em outros países, para o Brasil, barateando os custos dos combustíveis no país e proporcionando mais uma opção de transporte não poluente. No entanto, passados cinco anos desde que o projeto iniciou suas atividades, ainda não há previsão de comercialização dos primeiros veículos elétricos brasileiros, apesar de já terem sido produzidos mais de 50 unidades para uso urbano, de acordo com informações da Itaipu Binacional.

Para o coordenador do Projeto Veículo Elétrico na Itaipu, Celso Novais, os principais motivos para a não comercialização do produto no Brasil até agora seriam as dificuldades iniciais do projeto – a ideia inicial era escolher um modelo disponível no mercado brasileiro para identificar os pontos a serem aperfeiçoados, mas como não havia nenhum, os pesquisadores tiveram um trabalho ainda maior – e, sobretudo, a falta de estrutura econômica no Brasil para acompanhar as mudanças no setor de transportes.

“Os carros já podem circular nos perímetros urbanos das grandes cidades, sem problemas, mas ainda faltam investimentos no abastecimento público e não existe até o momento viabilidade econômica para todos os nichos de mercado. Para o setor de energia a viabilidade econômica já existe, porém, no Brasil, não existe infraestrutura pública”, explica. Questionado a respeito do investimento da Itaipu e de seus parceiros no projeto, Novais evitou o assunto, alegando apenas que “embora os investimentos sejam grandes, ainda estamos na ordem do primeiro dígito percentual, quando comparados com os investimentos em curso nas pesquisas realizadas no USA, da Europa e da Ásia”.

Para o mercado brasileiro, o veículo elétrico produzido no próprio território nacional representaria uma redução dos custos dos próprios veículos, além da diminuição dos gastos com combustíveis, já que, segundo Novais, com um carro como esse, é possível rodar 100 km com apenas US$ 3,00, além de “reduzir a poluição e promover o uso racional dos recursos naturais do planeta, que são finitos”. No entanto, as diferenças entre os veículos elétricos e os demais, abastecidos com outros tipos de combustíveis, vai ainda além. “Trata-se de uma mudança radical, pois os veículos elétricos não têm velas, cabos de velas, catalisadores, escapamentos ou tanques de combustível”, comenta. Caso forem comercializados, o abastecimento desses veículos elétricos poderá ser feito de forma com carga lenta nos estacionamentos da cidade ou carga rápida no postos de gasolina atuais.