Caminhões do Paraná lotam fila em Santos

A postura do Porto de Paranaguá em exigir certificado de não-transgenia dos produtos que ali chegam pode estar levando os caminhoneiros do Paraná a escoar parte da safra de soja pelo Porto de Santos. A opinião é do assessor técnico e econômico da Federação da Agricultura no Estado do Paraná (Faep), Nilson Huncke Camargo. Desde a última quinta-feira, o movimento na área do Porto de Santos tem sido intenso, com a formação inclusive de fila na pista sul da Via Anchieta, principal acesso ao terminal. O início do escoamento da safra de soja e açúcar tem sido apontado como principal responsável pelo congestionamento.

?Pela segurança e por via das dúvidas, muitos exportadores que nos anos anteriores mandaram a carga para Paranaguá passaram a mandar para Santos (SP) e São Francisco do Sul (SC)?, apontou Camargo. Segundo ele, com a postura de não exportar transgênicos, o Porto de Paranaguá deixou de receber muitas cargas. ?Um frete de Cascavel ou de Maringá para Santos é mais caro. As próprias tarifas portuárias de Santos são superiores em quase US$ 2 por tonelada?, comentou. ?Mas entre encaminhar a carga a Paranaguá e correr o risco de ter a análise reprovada ou ter um custo maior, o caminhoneiro tem optado em ir para Santos.? De acordo com Camargo, cargas do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e interior de São Paulo, que antes vinham para o Paraná, também têm optado por Santos.

No Porto de Paranaguá, a assessoria de imprensa informou que a quantidade do complexo soja escoada este ano tem sido semelhante ao do mesmo período do ano passado: cerca de 4,5 milhões de toneladas. Segundo a assessoria, é possível que ?alguma soja transgênica do Paraná? esteja de fato indo para Santos, mas salientou que não está havendo prejuízos por conta disso. A assessoria informou ainda que o Porto de Paranaguá não tem como segregar transgênicos e que se escoasse grãos geneticamente modificados estaria infringindo a lei federal, que obriga a segregação e a rotulação.

Codesp

Segundo a assessoria de imprensa da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), o sistema viário do Porto de Santos ?não está preparado para receber tantos caminhões de uma só vez?. De acordo com as estimativas, em dias de maior movimento passam pela região portuária de 5.500 a 6.000 caminhões. No pico do escoamento da produção, em meados do ano, esse número deve ser ultrapassado. A Codesp garantiu que o porto tem total condição para atender a demanda, mas o sistema viário prejudica o acesso dos caminhões e contêineres.

O escoamento da soja é um dos responsáveis pelo fluxo intenso, já que, de acordo com a Codesp, os produtores têm problemas para armazenar o produto e ?preferem colocar nos caminhões que são utilizados como armazéns móveis?. O açúcar, que costuma ser embarcado durante todo o ano, mas que registra picos de maio a setembro, já conta com planejamento logístico melhor, como informou a assessoria de imprensa.

A assessoria explicou que a solução para o problema é a construção de um pátio para os caminhões e de uma avenida perimetral em toda a extensão do porto. A Codesp já tem o projeto para a construção do pátio em uma área na cidade de Cubatão. Com isso a liberação dos caminhões será feita de maneira gradativa, diminuindo os congestionamentos. A Codesp aguarda a licença do Ibama para abrir licitação para as obras que devem ser iniciadas no segundo semestre do ano. Já o projeto da avenida perimetral totaliza oito quilômetros de extensão e servirá para separar o trânsito de caminhões e trens que hoje se confunde no local. 

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