Caem financiamentos agrícolas do BNDES

Rio (AE) – Os financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para pessoas físicas na agricultura caíram cerca de 30% de janeiro a setembro deste ano e deverão fechar 2006 no pior desempenho dos últimos cinco anos. Em 2004, o valor chegou a R$ 6,3 bilhões. Neste ano, ficará pouco abaixo da metade deste valor, em torno dos R$ 2,7 bilhões. O banco avalia, contudo, que o desempenho de outubro esboça um cenário de recuperação.

O superintendente de operações indiretas do banco, Claudio Bernardo Guimarães de Moraes, explica que a crise agrícola e os problemas de renda do produtor afetaram o desempenho das linhas do banco voltadas ao setor. O banco financia, por exemplo, projetos de recuperação de solo, produção avícola, irrigação, silagem e compra de equipamentos e implementos agrícolas, todos focados nas pessoas físicas.

Na avaliação do especialista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o setor agrícola se endividou demais nos anos chamados anteriores, na fase da bonança, e agora, na crise, ?a primeira coisa cortada são os investimentos?. Para o pesquisador, as dificuldades setoriais não refletem apenas a valorização cambial ou queda de preços internacionais. O problema decorre principalmente das dívidas contraídas recentemente, que se somaram a um endividamento anterior de longo prazo.

O superintendente do BNDES reconhece que os valores previstos para este ano ficarão ?pouco abaixo? do desempenho do ano passado. Em 2005, os desembolsos para o segmento somaram R$ 3,9 bilhões e caso as projeções para este ano se concretizem, será ao redor de 30%. Depois de crescerem por seis anos seguidos, os desembolsos para o segmento já haviam encolhido quase 40% no ano passado, como efeito do início da crise na agricultura.

De janeiro a setembro deste ano, as liberações na linha somam R$ 2 bilhões, 29% abaixo do mesmo período do ano passado. Guimarães de Moraes argumenta que a valorização cambial e secas enfrentadas em algumas regiões, como o sul, prejudicaram o setor. ?Eles plantaram com um dólar mais alto e colheram com o dólar mais baixo?, diz o executivo, explicando que, na prática, quando isso ocorre, os agricultores recebem menos em reais. A avaliação, entretanto, é de que o fundo do poço já passou.

Isso porque os financiamentos do BNDES ao segmento somaram R$ 150 milhões em outubro, acima da média nos meses anteriores. O processo de renegociação das dívidas dos agricultores regularizou em parte a situação do setor, que pode começar a retomar alguns financiamentos.

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