Bush manda duro recado à África

Gleneagles, Escócia (das agências) – O presidente dos Estados Unidos, George W.Bush, mandou ontem um duro recado a líderes da África. Em Copenhague, na Dinamarca, antes de partir para a Escócia, para o encontro do G-8 – o grupo dos sete países mais industrializados mais a Rússia – o presidente Bush disse que os países africanos que quiserem mais ajuda e perdão da dívida terão de seguir as regras da democracia e combater a corrupção. Bush não citou nenhum país específico em suas críticas.

Os líderes do G-8 vão começar hoje a discutir a ajuda à África e o combate ao aquecimento global. Bush, lembrou que seu país é o principal doador a países da África e prometeu dobrar esta ajuda em cinco anos.

Bush, à tarde, sofreu alguns arranhões nas mãos e no braço num acidente de bicicleta ocorrido, quando teria se chocado contra um policial encarregado da segurança da cúpula. Bush chegou a ser atendido por seu médico pessoal e o policial, aparentemente ferido no tornozelo, foi hospitalizado.

Ontem à noite – enquanto o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva viajava para a Escócia – o presidente norte-americano participava de um jantar de gala oferecido pela rainha Elizabeth II aos líderes do G-8 (Reino Unido, Estados Unidos, França, Itália, Alemanha, Canadá, Japão e Rússia).

Com um longo vestido branco, a rainha recebeu os dirigentes ao lado do primeiro-ministro britânico Tony Blair, que apresentava cada um dos convidados, de smoking.

Participam também da reunião, como convidados, Índia, China, México, África do Sul e Brasil. 

Brasil vai pedir o fim dos subsídios agrícolas

O governo brasileiro vai pedir ao G8 que remova todas as barreiras ao comércio internacional, inclusive os subsídios à agricultura, informou ontem o Ministério das Relações Exteriores. O pedido será feito conjuntamente pelos líderes do Brasil, Índia, China, México e África do Sul, hoje, no encontro que começa no Hotel Gleneagles, na Escócia.

Ainda segundo Glaucio Veloso, os cinco países emergentes – que foram convidados a participar do encontro – vão divulgar um comunicado pedindo a adoção de um novo modelo de co-operação internacional que leve em consideração as necessidades dos países em desenvolvimento.

O documento também deve reafirmar a importância de os países em desenvolvimento assumirem a liderança nos esforços para reduzir o impacto das mudanças climáticas.

Subsídios

O Protocolo de Kyoto – um dos temas a ser discutidos no encontro do G8 – estabelece metas para a redução da emissão de gases poluentes ligados ao aquecimento global, mas apenas 30 países industrializados estão sujeitos a essas metas.

O documento dos países convidados reforça a importância do apoio a iniciativas com impacto positivo na mudança do clima, como o chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).

O MDL é um anexo do Protocolo de Kyoto que permite aos países industriallizados comprar as cotas de redução de emissões de gases poluentes em nações em desenvolvimento, para diminuir suas metas de corte.

Hoje, o presidente brasileiro Luis Inácio Lula da Silva e o presidente mexicano, Vicente Fox, terão encontros em separado com o primeiro-ministro britânico Tony Blair, presidente do G8.

Manifestantes romperam o isolamento

Manifestantes romperam o isolamento de uma área externa ao complexo onde ocorre o encontro do G8, que reúne os sete países mais ricos do mundo e a Rússia. Além de uma cerca metálica, parte do complexo de prédios do Hotel Gleneagles foi cercada por arame farpado, que foi ultrapassado pelos manifestantes.

A área invadida não faz parte do espaço liberado para protestos. Apesar disso, não houve violência e a polícia se limitou a fazer um cordão de isolamento para tentar impedir que o espaço seja tomado por um número ainda maior de manifestantes.

Entre os manifestantes, vários grupos se destacaram.

Uma massa vermelha de socialistas gritava os eternos lemas do grupo, como ?O povo unido jamais será vencido? e cantava hinos de resistência como Bella Ciao – o hino entoado pela resistência italiana na Segunda Guerra.

Os manifestantes também usam o tradicional lenço vermelho socialista no pescoço e o grupo reúne pessoas das mais diferentes faixas etárias, desde jovens universitários até idosos. Alguns usavam nariz vermelho, de palhaço.

Em grupos menores, ambientalistas empunhavam cartazes como ?Pesquisa por energia limpa? e ?EUA assinem Kyoto?, em referência às discussões sobre mudanças climáticas previstas no encontro.

Vestido de soldado e munido de um tambor, Professor, um dos integrantes da manifestação, disse que o grupo está na cidade ?para inspirar as pessoas e fazer barulho, enviando aos líderes do G8 a mensagem de que eles não são os líderes do mundo?.

A batucada de samba é o principal ritmo dos protestos desde sábado.

?Nós tocamos música de todas as partes do mundo. O que todas elas têm em comum é que são, de alguma forma, músicas de movimentos de luta e resistência, como é o caso do samba brasileiro?, diz o Professor.

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