Investimentos

Brasil se volta para o mercado africano

Cerca de 90 empresários e líderes de entidades setoriais de vários setores embarcam hoje, rumo à África, acompanhados do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, Miguel Jorge. Entre amanhã e quinta-feira (12), o grupo deverá visitar Angola, Moçambique e a África do Sul, com a intenção de aumentar o comércio e investimentos bilaterais entre esses e outros países da região austral africana e o Brasil. O grupo também pretende promover cooperações entre os setores produtivos africano e brasileiro.

A missão está de olho em explorar um mercado pouco aproveitado pelo Brasil. No total, o continente africano importa pouco mais de US$ 400 bilhões por ano e exporta cerca de US$ 500 bilhões. A participação brasileira nesse bolo é relativamente pequena. Em 2008, o País exportou US$ 10,17 bilhões à África e importou US$ 15,75 bilhões. Os valores representaram, respectivamente, 5,1% e 9,1% da balança comercial brasileira do ano passado.

“O Brasil não precisa esperar a Copa do Mundo para entrar em campo na África”, brinca o consultor para assuntos africanos Altair Maia. Segundo ele, as oportunidades comerciais para o empresariado brasileiro na África abrangem todos os setores da economia. Mas ele destaca alimentos, processados ou não, como milho, soja e arroz, e máquinas, das mais simples às mais complexas.

Maia diz que o comercio internacional africano usa os preços europeus como referência. Ele avalia que, nesse ponto, os preços brasileiros são bastante competitivos. “Alguns produtos brasileiros são importados por países europeus, onde recebem alguma agregação de valor e depois são exportados para a África”, aponta.

De acordo com o consultor, a África do Sul é o País mais rico e desenvolvido da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, ou SADC, na sigla em inglês para Southern África Development Community, e todo o continente. O País importa cerca de US$ 87 bilhões anuais, principalmente em combustíveis e óleos minerais, maquinário e equipamentos elétricos. Já as exportações, principalmente de pedras preciosas, ferro, aço e veículos, chegam a US$ 73 bilhões.

Na avaliação de Maia, as oportunidade em Angola vêm principalmente da reconstrução do País, devastado após mais de trinta anos de guerra civil. Os recursos, diz ele, vêm da exploração do petróleo e do diamante. Em 2008, o País exportou US$ 63 bilhões e importou apenas US$ 18 bilhões em máquinas, produtos de ferro e aço, principalmente para a construção civil, e veículos.

O consultor também aponta que Moçambique concentra mais da metade de suas exportações no alumínio, enquanto compra especialmente combustíveis, óleos minerais, veículos e commodities. “Estabilizado politicamente desde a década de 90, Moçambique tem seu comércio exterior mais equilibrado, atingindo US$ 7 bilhões nas duas mãos”, afirma.

Nos dias 9 e 10 a delegação visitará Luanda, na Angola. No dia 11, o grupo irá a Maputo, no Moçambique e, no dia seguinte, a Johanesburgo, na África do Sul. Na programação estão encontros bilaterais e reuniões oficiais, bem como rodadas de negócios entre empresários. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), esta é a terceira vez no ano que o ministro Miguel Jorge chefia missão empresarial à África. Em janeiro, foram visitados Marrocos, Líbia, Argélia e Tunísia. Em junho, uma delegação brasileira esteve em Gana, Senegal, Nigéria e Guiné Equatorial.