Brasil faz acordo e pega US$ 30 bilhões do FMI

Brasília  – O Fundo Monetário Internacional (FMI) vai liberar US$ 30 bilhões para o Brasil. O acordo, que vinha sendo costurado há uma semana, terá duração de 15 meses e será submetido à diretoria executiva do fundo no início de setembro. Segundo nota oficial divulgada pelo FMI, apenas 20% dos recursos (US$ 6 bilhões) estarão disponíveis para serem usados neste ano. O restante, ou seja, US$ 24 bilhões, estará disponível em 2003.

O novo programa de ajuda ao País dará mais fôlego para o Banco Central enfrentar as oscilações do câmbio intervindo no mercado de dólar. O piso das reservas líquidas do Brasil caiu de US$ 15 bilhões para US$ 10 bilhões. Trocando em miúdos, isso significa que o País terá mais US$ 5 bilhões para enfrentar possíveis crises. Ao contrário do que esperava o mercado, a meta de superávit primário para 2003 não mudou. Será mantida em 3,75%. Contudo, o país terá que se comprometer em não estipular metas inferiores a este valor para os anos de 2004 e 2005.

“Reduzindo vulnerabilidades e incertezas, um novo programa de apoio concedido pelo FMI funciona como uma ponte para a nova administração que será iniciada em 2003, e respalda a continuação de uma estratégia política que vai sustentar a estabilidade macroeconômica, levar ao crescimento do Brasil para próximo do seu potencial no médio prazo, preservar a inflação baixa e a sustentabilidade externa, apoiar os esforços para o aumento do emprego e melhorar as condições sociais dos brasileiros”, disse o fundo em comunicado oficial. Na nota, o fundo afirma também que o Brasil está no caminho certo para uma política sólida de longo prazo e que merece o apoio da comunidade internacional. “O debate democrático interno deve ser bem-vindo e, como já dissemos, o fundo está pronto para apoiar qualquer governo comprometido com as políticas econômicas”. Já o Ministério da Fazenda afirmou que: “As autoridades brasileiras estão convencidas de que esse acordo serve aos interesses do país e confiam que ele contará com o apoio dos principais candidatos à eleição presidencial”.

A nota do Ministério da Fazenda esclarece que “está em curso um processo de consultas” aos candidatos à presidência a respeito do acordo. De acordo com o texto, o governo quer esclarecimento sobre o apoio dos candidatos à nova ajuda do FMI. A assessoria do Ministério da Fazenda informou que o ministro Pedro Malan não concederia entrevista coletiva ontem sobre o acordo. De acordo com o ministério, hoje o ministro e o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, podem explicar o teor do acordo acertado ontem em Washington (EUA). Esse é o terceiro acordo do Brasil com o FMI durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Outros dois acordos com o FMI foram fechados, sem contar esse último, anunciado ontem. O primeiro, foi fechado em novembro de 1998, logo depois do agravamento da crise russa. Esse acordo de ajuda financeira significou um empréstimo de US$ 41,5 bilhões. Deste total, US$ 18 bilhões foram recursos do próprio FMI e outros US$ 9 bilhões, do Bird e BID.

Candidatos sinalizam dar apoio

Brasília

(Das agências) – O FMI exige, para a efetivação do pacote de ajuda ao Brasil, que os principais candidatos de oposição (Lula, do PT, e Ciro Gomes, do PPS) formalizem apoio ao acordo. O candidato a vice-presidente na chapa do petista Luiz Inácio Lula da Silva, senador José Alencar (PL-MG), disse que o acordo com o FMI dá um fôlego para o próximo presidente administrar a economia. Segundo ele, o compromisso não é de Fernando Henrique e sim do Brasil e terá de ser mantido. Ele entende que pedir aval dos candidatos é força de expressão. “O aval é simbólico e os compromissos não são de Fernando Henrique, são do Brasil e terão que ser cumpridos quem que seja o presidente”, disse José Alencar. Ciro Gomes divulgou através de sua assessoria que “serei o último a atrapalhar as negociações do governo com o FMI. Confio no poder de negociação do ministro da Fazenda e do presidente do Banco Central”. O candidato do PSDB, José Serra, avaliou como ?positiva” a aprovação do acordo. O tucano acrescentou que sempre defendeu a extensão da linha de crédito porque “ela não traz sacrifício adicional à economia do País”. Anthony Garotinho disse que se manifestará quando souber o que foi negociado.

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