Blitz em Curitiba não acha combustível adulterado

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Trinta e cinco amostras
e nenhuma com problemas.

A qualidade do combustível do carro dos curitibanos foi testada na tarde de ontem pelo Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Derivados do Paraná (Sindicombustíveis-PR). Foram colhidas 35 amostras, mas nenhuma apresentou problemas. Para o presidente do órgão, Roberto Fregonese, com a blitz é possível ter uma idéia de como anda a adulteração do produto no Paraná. O teste já foi feito em três cidades de diferentes regiões do Estado. Hoje, os testes serão feitos na Avenida Manoel Ribas, das 9h às 14h, próximo à Igreja dos Capuchinhos.

Segundo Fregonese, há um ano e meio, 22% do produto era adulterado, no Paraná. Com a fiscalização, o índice baixou para 3,2%, mas em outubro voltou a subir para 4%. Para ele, a blitz colabora no controle do problema, evitando que os números voltem a subir.

Ontem, o teste foi realizado na Avenida Cândido de Abreu. Os motoristas foram parados e convidados a participar. A dentista Luciana Filipak, 33 anos, estava determinada em saber a qualidade do combustível do seu carro. Os técnicos não conseguiram retirar a gasolina e ela voltou ao posto onde sempre abastece para pegar uma amostra. Mas não foi encontrada qualquer alteração no produto. "Vou continuar abastecendo lá. Procuro qualidade e preço acessível", fala Luciana. Ela disse que já teve problemas com combustível adulterado. "O carro começou a falhar e tive de mudar de posto", fala.

O chefe de cozinha Paulo Mello, 32 anos, queria saber a qualidade do álcool que usa no seu carro. Conta que procura preço baixo e estava preocupado com a possibilidade de ser adulterado. Mas, na amostra, nenhum problema foi detectado. "Isso quer dizer que nem sempre sinônimo de preço baixo é combustível adulterado. Tem muito comerciante vendendo barato e é honesto", comenta. A análise feita é capaz de apontar a presença de solventes e de outras substâncias estranhas à composição dos combustíveis, além do excesso de água no álcool e o teor de álcool na gasolina.

A verificação do álcool foi feita a partir da densidade do líquido. Cem mililitros (ml) são colocados numa proveta e, com o uso de um densímetro, é possível chegar ao teor alcoólico, que deve ser entre 92,6% e 93,8%. Já a gasolina foi analisada através de uma técnica chamada de espectro-fotômetro, para qual é necessário 5 mililitros. A leitura do material é feita através de ondas de infravermelho.

A qualidade da gasolina também pode ser verificada nos próprios postos de combustível, por um método bem simples. Em um recipiente com escala devem ser colocados 50 ml de gasolina e 50 ml de água. Agite bem e deixe descansar por instantes. A água vai absorver o álcool e a gasolina ficará na parte de cima. O resultado deve ser 62,5 ml de água, se passar da marca é sinal de que tem álcool demais no combustível. Os postos que se recusarem a fazer o teste podem ser acionados pela Coordenadoria de Defesa do Consumidor (Procon).

Este ano, já foram feitos testes nas cidades de Londrina, Cascavel e Ponta Grossa. Elas são de regiões diferentes, o que possibilita ter uma visão da situação no Estado. Somente em Cascavel foram encontrados dois casos. A gasolina tinha 36% de álcool e o álcool excesso de água.

O Procon também participou da ação, ontem, em Curitiba. O coordenador do órgão, Algaci Túlio, aconselhou os motoristas a pedirem nota fiscal do produto para comprovar a compra. Dados do Sindicombustíveis mostram que de cada 10 pessoas, apenas uma pede o documento. Os postos onde for comprovada a irregularidade podem ser acionados e pagar multa que varia de R$ 200,00 a R$ 3 milhões.

Prejuízo

A adulteração de combustível é lucrativa. Em média, o adulterador chega a ganhar um real por litro, enquanto a margem de lucro dos donos de postos que trabalham com produto inalterado é de R$ 0,14. A produção diária de gasolina na refinaria da Petrobras em Araucária é de 4.204.900 litros, sendo que 4% deste montante resulta em 168.196 litros adulterados diariamente.

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