BID leva US$ 500 mi ao Uruguai e segura a crise

Washington – O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) anunciou ontem que aprovou um empréstimo de 500 milhões de dólares para ajudar o Uruguai a lidar com a crise econômica produzida por uma corrida a seus bancos.

A aprovação do empréstimo era amplamente esperada após os Estados Unidos terem concordado no domingo em conceder ao país um empréstimo de emergência de 1,5 bilhão de dólares para ajudá-lo a reabrir seus bancos antes da aprovação de novas ajudas do BID, Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional essa semana.

A porta-voz Christina MacCulloch disse que o empréstimo foi aprovado pelo conselho do BID e seria assinado ainda ontem. Os recursos são para gastos sociais e modernização dos programas social, de educação e de saúde.

A injeção de cerca de US$ 4 bilhões em recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e dos Estados Unidos permitirá à frágil economia do Uruguai evitar um colapso financeiro como o vivido pela Argentina, mas o cenário para o país, ao longo de 2003, será de incertezas.

No domingo, os Estados Unidos aprovaram um empréstimo emergencial de US$ 1,5 bilhão para o país que deverá ser reembolsado quando o Uruguai alcançar um acordo com o FMI. É previsto para esta semana um acordo que permitirá a liberação de quase US$ 4 bilhões, disseram analistas ouvidos pela Reuters.

A nova ajuda financeira é essencial para dar ao Uruguai munição suficiente para conter os problemas do sistema bancário, que sofre uma fuga de depósitos, acrescentaram.

Falta de confiança

Mas, olhando além do curto prazo, a sorte econômica do país depende de fatores muito além do controle do governo. Em casa, o Uruguai necessita restaurar a confiança dos correntistas para prevenir que as reservas despenquem ainda mais. No exterior, o país precisa que os mercados brasileiros se acalmem o mais rápido possível.

“O dinheiro… é para conter a hemorragia do sistema bancário, não ajudará a reverter a recessão, o alto desemprego e a fraca balança de pagamentos”, afirmou Arturo Porzecanski, diretor de mercados emergentes do ABN-Amro.

“A reabilitação do país depende de uma recuperação na Argentina e no Brasil e de uma estabilidade de suas moedas, e em um âmbito mais geral, de preços mais altos de commodities e de uma economia mundial mais forte”, acrescentou.

Por enquanto, o Uruguai sem dúvida respira aliviadamente, algo com o que a vizinha Argentina pode apenas sonhar.

Os novos recursos deverão reduzir temporariamente as preocupações do país com um colapso do sistema financeiro, mas a questão-chave é se essa nova confiança poderá resistir a novos choques, domésticos ou externos.

Um em cada quatro uruguaios vive abaixo da linha da pobreza, o correspondente a 15,6% da população economicamente ativa.

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