BCE: Juro menor depende de retração econômica

A zona do euro provavelmente voltará à recessão antes de o Banco Central Europeu (BCE) considerar reduzir mais as taxas de juros, disse o membro do Conselho da autoridade monetária Luc Coene à MNI no Fórum Econômico Mundial.

Perguntado se o BCE reagiria se a região não se recuperar da forma esperada no segundo semestre deste ano, Coene afirmou que, se as taxas de crescimento forem nulas, isso pode não gerar maior redução de juros além da mínima histórica de 0,75%. “A possibilidade de um corte nos juros dependerá de uma perspectiva de queda na economia”, disse. “Se existe espaço para manobra temos que ver como as coisas vão se desenvolver e somente no caso de uma expectativa realmente negativa teremos motivo para considerar algo diferente.”

O maior risco para o cenário de crescimento positivo deste ano é a “não implementação das medidas anunciadas pelos líderes da região”, disse Coene. “Na zona do euro, é tudo uma questão de confiança. É importante que todos os anúncios sejam implementados com eficiência e isso deve impulsionar a confiança de produtores e consumidores e restaurar o nível da atividade econômica.”

Questionado sobre os mais recentes comentários sobre uma guerra cambial, ele afirmou que “tudo depende de como a retórica dos bancos centrais está sendo traduzida em termos operacionais”, acrescentando que o BCE não gostaria de testemunhar uma guerra cambial. “Isso seria muito prejudicial para a economia mundial, então esperamos que a implementação dessas políticas seja mais leve e equilibrada do que sugerem os bancos centrais.”

Coene, que preside o banco central da Bélgica, minimizou as preocupações de que o nível do euro pode subir com o pagamento pelos bancos centrais de parte dos empréstimos tomados do BCE há dois anos. “Mesmo que quantidades mais significativas das operações de refinanciamento de longo prazo (LTRO, na sigla em inglês) de três anos sejam pagas nas próximas semanas, isso não deve impactar o nível do euro”, disse. “Não espero que isso aconteça. Ainda temos ampla liquidez no sistema.” As informações são da MNI.