BC tira dinheiro do mercado e obriga bancos a vender dólares

Menos de 48 horas depois da entrevista do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, que deixou no mercado a impressão de que o governo estava acuado diante de uma taxa de câmbio beirando os R$ 4, o BC resolveu retomar as rédeas. De uma única vez, decidiu retirar R$ 14,2 bilhões de circulação na economia, reduziu pela metade a capacidade de os bancos especularem com dólar e, ainda assim, exigiu que o valor dessas operações com câmbio seja contabilizado integralmente na hora de o banco calcular o capital mínimo necessário para fazer frente às suas transações.

A combinação dessas medidas deverá, num primeiro momento  restringir e encarecer os empréstimos ao consumidor e aumentar a oferta de dólares pelos bancos, o que ajuda a reduzir a cotação da moeda estrangeira. Além disso, poderá elevar a procura por títulos públicos, já que os bancos que forem obrigados a se desfazer de moeda estrangeira terão de direcionar seus recursos para alguma outra aplicação.

A redução do volume de reais em circulação ocorrerá porque o BC elevou o valor dos depósitos compulsórios que os bancos são obrigados a recolher à autoridade monetária. Uma parcela dos depósitos à vista, a prazo e em cadernetas de poupança tem de ser depositada numa conta dos bancos no BC. No caso dos depósitos à vista (conta corrente), o porcentual recolhido ao BC, que já havia subido de 45% para 48% em agosto, passou para 53%. Isso vai retirar R$ 2,3 bilhões da economia.

Para os depósitos a prazo (certificados de depósitos bancários, CDBs), o porcentual aumentou de 15% para 18% há dois meses e, agora, para 23%. Essa diferença equivale a R$ 6,4 bilhões. Já o recolhimento sobre a caderneta de poupança foi elevado de 20% para 25%, em agosto e, hoje, para 30%, retirando mais R$ 5,5 bilhões do mercado. Os novos porcentuais passam a valer a partir do dia 21.

Com isso, os bancos ficam com menos recursos para especular com câmbio e também para emprestar.

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