BC acha que já existem condições para crescer

São Paulo – O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou ontem, em discurso, que as condições para a retomada do nível de atividade nos próximos meses “já estão dadas”. Segundo ele, essa atividade é determinada principalmente pelas taxas de juros de médio prazo. Dado que, segundo ele, a economia brasileira reflete os efeitos dessas taxas de juros vigentes em janeiro – em razão da defasagem entre as taxas e seus efeitos -, as recentes quedas nessas mesmas taxas devem impulsionar a retomada da atividade econômica a partir do último trimestre do ano.

“Em janeiro, os juros de médio prazo se aproximavam de 33% no swap de 360 dias em decorrência da expectativa de inflação elevada e das incertezas do início do ano. Esses juros estão hoje um pouco acima de 21% do swap de DI de abril. E esta redução certamente está impulsionando a retomada da atividade, principalmente a partir do último trimestre”, afirmou.

Meirelles sugeriu aos participantes de um almoço em sua homenagem, promovido pela Associação das Empresas Distribuidores de Valores (Adeval), que não tentem extrair de suas palavras “indicações sobre decisões futuras”. O presidente do BC também voltou a defender que o crescimento econômico de que o País necessita não é de “arrancadas e freadas”, mas sim um crescimento sustentável de médio e longo prazo. “Bolhas de crescimento são fáceis de inflar e difíceis de sustentar”, afirmou.

Ele destacou que, para viabilizar esse crescimento, será necessário mobilizar volume de investimentos na ampliação da capacidade produtiva para que esse crescimento não implique risco de se cair em “gargalos” de produção, o que poderia gerar desequilíbrios. Meirelles defendeu, nesse sentido, a importância da queda do risco – País e, conseqüentemente, do custo de financiamento, e o aumento da poupança interna privada, além das reformas estruturais.

Contas externas

Meirelles estimou que o déficit em transações correntes neste ano deve ficar em US$ 4,2 bilhões. Segundo ele, isso revela um sólido processo de ajuste nas contas externas. “Em 1998, por exemplo, esse déficit chegou a US$ 33,4 bilhões”, afirmou. Meirelles também destacou o processo de ajuste fiscal, cuja obtenção dos superávits primários deve possibilitar, em sua opinião, uma forte diminuição da relação dívida/PIB. Essa relação “deve chegar a menos de 40% no final da década”, ressaltou, sublinhando a importância desses ajustes na redução do risco-País e, como resultado disso, no retorno do crescimento.

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