Bancos europeus têm US$ 23 trilhões que precisam de ajuste

Bancos na União Europeia possuem 18,2 trilhões de euros (US$ 22,9 trilhões) em ativos que precisam passar por ajustes contábeis, de acordo com um documento da Comissão Europeia que está nas mãos de bancos centrais e ministérios de finanças da região. Os membros da UE tentam concordar com um conjunto de princípios para lidar com “ativos tóxicos” nos balanços de muitos bancos do bloco. Mas, segundo o documento que circulou no encontro de ministros no início do mês, o problema deve ser maior que o previsto.

“As baixas contábeis em ativos totais esperadas sugerem que os custos orçamentários – reais e contingentes – de alívio de dívida podem ser muito grandes tanto em termos absolutos quanto em relação ao Produto Interno Bruto dos países membros”, apontou o documento, cuja cópia foi vista pela agência Dow Jones.

O documento tem como foco instar os países membros a adotar uma abordagem disciplinada e coordenada para resgatar os sistemas bancários nacionais. Também afirma que uma divulgação imediata dos bancos sobre a saúde real dos seus balanços é necessária, independentemente da abordagem adotada – seja a criação de bancos ruins para guardar ativos seja um esquema apoiado pelo governo para garanti-los, disse a Comissão.

O tamanho potencial do problema foi abordado em um anexo do documento. Os ativos que precisam de ajustes incluem 13,7 trilhões de euros em instrumentos financeiros nos portfólios de negociação dos bancos. Outros 4,5 trilhões de euros em ativos são classificados no documento como instrumentos “disponíveis para venda”.

As duas categorias incluem produtos estruturados complexos semelhantes aos instrumentos derivativos que provocaram a crise financeira global em 2007. Eles representam 44% de todos os ativos de bancos da União Europeia e precisam ser avaliados por meio dos Padrões Internacionais de Divulgação Financeira, disse a comissão. Quando a marcação a mercado não for possível, o método a ser utilizado deve ser definido pelos países membros e seus reguladores.

Os restantes 23 trilhões de euros em ativos dos bancos europeus estão sob a forma de empréstimos. A desaceleração econômica acentuada deve elevar o porcentual de empréstimos sem performance, levando a perdas futuras nessa segunda categoria de ativos dos bancos. As informações são da Dow Jones.