Argentina vai retomar controle da Aerolíneas Argentinas

O grupo espanhol Marsans, sócio-majoritário das companhias aéreas Aerolíneas Argentinas e Austral, terá 60 dias para transferir suas ações ao Estado argentino, segundo anunciou o secretário de Transportes do governo argentino, Ricardo Jaime. O acordo de transferência das ações, assinado nesta quinta-feira (17), "é um importante passo que o Estado nacional dá para recuperar as duas empresas vitais para esse momento de crescimento do turismo na Argentina", afirmou Jaime. O acordo fixa a transferência de todo o pacote acionário das empresas.

Durante entrevista à imprensa no Ministério de Economia, em Buenos Aires, Jaime disse que, mediante o acordo, o governo e o grupo Marsans "se comprometem a entregar toda a documentação da operação dentro de dois meses". Ele confirmou que a dívida avaliada da Aerolíneas é de US$ 890 milhões. A companhia é controlada pelo grupo espanhol de turismo desde 2001. Os rumores de que poderia ser nacionalizada circulam desde o ano passado.

O principal executivo do Marsans, Gonzalo Pascual, chegou a divulgar uma nota à imprensa comunicando a intenção de buscar novos sócios, na qual expressava "seu desejo de argentinizar ao máximo a companhia". A Aerolíneas Argentinas é a principal empresa aérea do país e controla 80% dos vôos domésticos, 40% dos internacionais e tem um faturamento anual de US$ 1,4 bilhão. O grupo espanhol tem 85% das ações; 10% estão nas mãos dos funcionários e 5% com o governo argentino.

Privatizada em 1991, na era Carlos Menem (1989 a 1999), a Aerolíneas passou a ser controlada pela estatal espanhola Iberia. Mas a Iberia tinha seus próprios problemas financeiros e vendeu grande parte dos ativos da Aerolíneas para resolvê-los. Em 1994, Iberia entrou em concordata, deixando a Aerolíneas Argentinas com uma dívida de quase US$ 1 bilhão. O governo espanhol, que assumiu à época os ativos da Iberia, decidiu então sanear as dívidas da filial argentina e passar as ações para uma empresa privada.

Desta forma, o grupo Marsans assumiu o controle da Aerolíneas pelo preço simbólico de 1 euro. Porém, ao começar sua gestão, demitiu centenas de funcionários e outros foram dirigidos para os programas de demissão voluntária. Ao reduzir custos, o Marsans comprou uma disputa com os sindicatos de funcionários da Aerolíneas. Desde então, a companhia já passou por várias greves e passageiros desatendidos nos aeroportos.

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