Após agosto forte, produção da indústria recua em setembro, mostra CNI

Após o forte crescimento registrado em agosto, a produção da indústria sofreu uma queda acentuada em setembro, divulgou nesta terça-feira (23) a CNI (Confederação Nacional da Indústria).

Segundo a sondagem que ouviu 1.790 empresas, o índice que mede a atividade do setor caiu de 54,7 pontos para 47,1 pontos no mês passado. Resultados abaixo de 50 pontos indicam retração da produção.

O mais comum é que a atividade cresça em setembro em relação a agosto, pois é nos últimos meses do ano que as empresas costumam acelerar a produção para atender as demandas do varejo para o Natal.

Com esse resultado fraco, a queda projetada para o PIB (Produto Interno Bruto) da indústria da transformação pode até ficar pior do que a projeção atual da CNI de –1,9% para este ano, disse o economista da instituição Marcelo De Ávila.

O lado positivo é que a redução da atividade serviu para ajustar os estoques do setor, que estavam elevados.

O indicador que mede o estoque efetivo em relação ao planejado caiu para 50,6 pontos, melhor resultado desde abril de 2011. Números próximos de 50 indicam que os produtos estocados estão dentro do planejamento dos empresários.

“O ajuste dos estoques é uma excelente notícia. Esperamos que isso se mantenha e que, portanto, aumentos da demanda, por mais moderados que sejam, possam contribuir para um aumento da produção”, disse Marcelo Azevedo, analista de políticas e indústria da CNI.

O problema, no entanto, é que a ociosidade da indústria -ou seja, o percentual da capacidade produtiva que não está em uso- continua elevada, o que desestimula novos investimentos.

A expectativa dos economistas da CNI é que o investimento cresça timidamente neste segundo semestre e volte a ganhar mais fôlego gradativamente no próximo ano.

Problemas

A sondagem da CNI também mostrou que a elevada carga tributária do país permaneceu como o principal entrave para o crescimento da indústria no terceiro trimestre, na percepção das companhias consultadas.

Apesar da queda dos juros no último ano, os empresários continuaram apontando também dificuldades maiores que o normal no acesso ao crédito. Na avaliação da CNI, isso pode ser reflexo de uma postura mais restritiva dos bancos na liberação de novos empréstimos devido ao aumento da inadimplência nos últimos meses.
Além disso, voltou a crescer a preocupação da indústria com a falta de mão de obra qualificada no país.

Já a percepção sobre demanda doméstica, juros e taxa de câmbio melhorou no terceiro trimestre em relação ao anterior.

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