Rio
– O Cadastro Central de Empresas de 2000, divulgado pelo IBGE esta semana, mostra que entre 1999 e 2000, para cada dez empresas que abriram no País, 6,5 fecharam. Em números absolutos: foram 710.258 nascimentos para 457.990 mortes de empresas. Mas o levantamento mostra ainda que em 2000 o número de estabelecimentos no país cresceu 6,5%, o equivalente a mais 252.268 empresas em atividade no Brasil, totalizando naquele ano 4.124.343 estabelecimentos.Independente da conjuntura econômica, novas empresas e empregos surgem, mostrando que a economia continua caminhando – avalia Maria Luiza Barcellos Zacharias, gerente do Cadastro Geral de Empresas, responsável pelo levantamento.
As pequenas empresas, com até quatro funcionários, são o setor da pesquisa em que se verifica maior flutuação. Elas foram responsáveis por 92% das companhias que nasceram e por 93% das que fecharam as portas.
A empresa de Ana Cláudia Ribeiro é uma dessas sobreviventes. Em 1999, ela investiu o pouco capital que tinha e apostou no sucesso de sua editora, a E-papers, dentro de uma encubadora de negócios. Três anos depois, fatura R$ 200 mil por ano, emprega cinco pessoas e já consegue fazer retiradas.
Mas, para vencer as dificuldades com financiamento, teve ajuda da família para investir no negócio tudo que ganhava.
– As dificuldades são muitas. O dinheiro é caro e escasso e a burocracia atrapalha. Precisa muita teimosia para continuar no negócio. Só agora passei a fazer retiradas -diz Ana Cláudia.
A mortalidade também atinge as grandes empresas, mostrando outro fenômeno comum nos tempos de hoje: as fusões. Em 2000, nasceram 102 empresas com 500 empregados ou mais, enquanto fecharam 107. Maria Luiza, do IBGE, cita o Banco Real como exemplo para ilustrar o levantamento:
– A empresa foi incorporada, não deixou de funcionar. Há mudanças no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica também sem que as firmas fechem efetivamente – afirmou.
De 1999 para 2000, o emprego formal cresceu. Foram empregadas mais 1.356.026, que ganharam, em 2000, R$ 239,1 bilhões. O salário médio real teve ganho, no mesmo período, de 0,8%, apesar de registrar perdas contínuas quando a comparação é feita em salários mínimos.
Em 1997, os empregados ganhavam 5,57 salários-mínimos, enquanto em 2000, esse montante caiu para cinco salários. Em valores nominais, o trabalhador passou a ganhar R$ 734,76. Descontando a perda com a inflação, o ganho real ficou em 0,8%.
Na avaliação por setor, o comércio foi o que mais avançou de um ano para o outro, aumentando 6,3% no número de empresas e 8,4% no de pessoal empregado. Com isso, manteve a liderança no total de empresas no país em relação aos demais setores.
No entanto, a administração pública continua na primeira posição do ranking, quando se olha o número de pessoas empregadas, concentrando 23,6% dos trabalhadores formais. A indústria vem em segundo lugar com 20,6%, seguido do comércio: 16,38%
Os melhores salários estão entre os funcionários de bancos, firmas de previdência privada, seguros e de planos de saúde. A média é de 13,8 salários-mínimos contra os empregados do setor de alojamento e alimentação (bares, restaurantes e hotéis) que ganham em média 2,2 salários.
Na análise por tamanho da firma, as que empregam até quatro pessoas respondem por 82,1% do total, contra 0,1% das que ocupam 500 pessoas ou mais. Mas, a proporção muda nos indicadores de emprego. As empresas com 500 ou mais ocupam 37,5% do total, enquanto as com até quatro empregados concentram 17,1%.
No pagamento total de salários, as maiores ficam com 62,3% da massa salarial enquanto as pequenas respondem por apenas 2,5%.
Na divisão regional, São Paulo mantém a liderança tanto no número de empresas, concentrando 30,1% do total, quanto no pessoal empregado: um índice de 30,9%.
Já o Rio de Janeiro ocupa a segunda posição no ranking de emprego, com 10,5% do total. Mas quanto ao número de estabelecimentos, o estado se situa na quinta colocação, com 7,5% do total, perdendo para Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo.