Acordos do Mercosul podem ser revisados

A ministra das Relações Exteriores do Paraguai, Leila Rachid, disse ontem em Brasília, que os tratados e acordos que regulam o Mercosul podem ser revisados se o bloco não funcionar segundo esperado pelos países-membros. ?Os acordos podem ser revisados?, disse a ministra, referindo-se à possibilidade de modificações nos tratados que regulam o Mercosul para conceder aos menores países do bloco, Uruguai e Paraguai, um espaço maior para negociar acordos com outros países.

?O processo de integração significa que aquele (acordo) que não funciona com o nível de ambição dos países-membros é objeto de revisão?, acrescentou Rachid.

Segundo a ministra, o Paraguai não abre mão de sua ?firme vontade? de continuar como membro do Mercosul. ?O fato de o Mercosul não atingir o nível de ambição de todos os setores cria uma série de interrogações. Falo em nome do Paraguai e nosso país tem a firme vontade de continuar a ser parte do bloco.?

A ministra acrescentou que os países pequenos do Mercosul terão economias atrativas na medida em que formarem parte de um mercado regional, ?mas nunca como uma economia individualizada?. ?Não se trata de nos tornarmos independentes do Mercosul, mas sim de aperfeiçoar o bloco para equilibrar as grandes e pequenas economias.?

Segundo ela, seria um ?completo fracasso sair e pensar que nós, por nós mesmos, em um mundo competitivo e globalizado, podemos subsistir?.

As declarações da ministra chegam no momento em que o Uruguai vem planejando obter um acordo de livre comércio com os EUA, acompanhado de críticas de autoridade do país ao Mercosul.

Na semana passada, o ministro da Agricultura do Uruguai, José Mujica, fez críticas duras ao Mercosul. Com termos chulos, o ministro disse que o acordo regional não serve para nada. Segundo ele, o Uruguai ?enfrenta uma verdadeira guerra de sabotagens? contra a economia do país, tolerada ?em um jogo de interesses por um país que é mais que irmão?, referindo-se à Argentina e ao lobby da indústria de papel do país.

A Argentina se opõe à construção de duas fábricas de celulose no país vizinho (US$ 1,8 bilhão em investimentos), às margens do rio Uruguai, na fronteira entre os países, por conta dos riscos ambientais.

Uma semana antes, o ministro da Fazenda do Uruguai, Danilo Astori, sugeriu a saída do país do bloco econômico para negociar um acordo bilateral com os EUA.

Em sua visita ao Brasil, iniciada ontem, o presidente argentino, Néstor Kirchner, afirmou ainda que o processo de integração sul-americana deve ser aprofundado e fortalecido. No caso do Mercosul, o presidente argentino defende que governos e empresários trabalhem em conjunto para definir estratégias setoriais de política industrial.

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