Acidentes de trabalho mataram 244 no Paraná

Os acidentes de trabalho, que somaram 36.995 em todo o Paraná em 2006 e mataram 244 pessoas naquele ano, poderiam ser reduzidos caso medidas preventivas fossem adotadas. O assunto será tema de discussão da 11.ª Prevensul – feira e seminário de saúde, segurança e higiene, que acontece entre amanhã e sexta-feira no Estação Embratel Convention Center, em Curitiba.

?Todo acidente gera um custo muito maior para a empresa do que o gasto para prevenir. Algumas empresas já fizeram os cálculos e estão investindo em prevenção e até em qualidade de vida de seus funcionários, com academia no local de trabalho. Mas essas ainda são a minoria?, lamentou Alexandre Gusmão, que há 14 anos edita o Anuário Proteção Brasil, com estatísticas de acidentes de trabalho de todo o País. Segundo Gusmão, apenas 478 empresas no Brasil possuem a certificação OHSAS 18001 – uma espécie de ISO para a área de saúde e segurança. Dessas, 30 estão no Paraná. A maior parte delas está em São Paulo (194), seguido por Minas Gerais (66), Rio de Janeiro (53), Rio Grande do Sul e Paraná (30).

Para Gusmão, enquanto a empresa não precisar ?mexer no bolso?, a prevenção de acidentes ficará em segundo plano. A situação pode ser revertida a partir de 1º de janeiro de 2009, quando o seguro de acidente de trabalho variará entre 0,5% e 6% da folha de pagamento, conforme o número de acidentes registrados. ?Quem tiver maior número será penalizado, quem tiver menor terá um desconto?, explicou. Até então, os índices variavam apenas quanto ao tipo de atividade. ?Essa medida vai mexer direto no bolso das empresas?, comentou.

Gusmão lembrou que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) preconiza que para cada dólar investido em prevenção de acidente, quatro dólares são economizados. ?O acidente de trabalho acarreta uma série de prejuízos. Além de ficar com um funcionário machucado, o acidente pode estragar uma máquina ou equipamento, pode causar trauma na equipe. Há, ainda, os custos sociais com a Previdência, o funcionário pode acionar a empresa na Justiça, além da imagem institucional que fica desgastada?, enumerou.

Entre as principais causas dos acidentes de trabalho, Gusmão destaca a falta de treinamento dos trabalhadores. ?Quando a economia está aquecida, as empresas precisam contratar. Entram no mercado de trabalho pessoas com pouco conhecimento da atividade, que não sabem os riscos da profissão?, explicou. A terceirização, que visa à redução de custos, é outro fator que engrossa os índices de acidentes de trabalho.

Paraná

No Paraná, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego e Previdência Social, houve 36.995 acidentes de trabalho em 2006 – 307 mais do que um ano antes. O número de mortes também aumentou, de 206 para 244. Do total de acidentes, 30.768 foram típicos – decorrente da característica da atividade profissional desempenhada pelo acidente -, 4.951 foram de trajeto -entre a residência e o local de trabalho ou vice-versa – e 1.276 foram doenças do trabalho – adquiridas ou desencadeadas pelas condições em que o trabalho é realizado.

Na comparação com outros estados, o Paraná foi o quarto no ranking com maior número de acidentes de trabalho, atrás de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

O perfil do trabalhador paranaense que mais sofre com acidentes de trabalho é formado por homens, com idade entre 20 e 34 anos. Ao todo, foram mais de 28 mil trabalhadores do sexo masculino contra 8.691 do sexo feminino.

Voltar ao topo