Festival de Curitiba

Ditadura é pano de fundo em peça do Fringe

No dia 15 de março deste ano, milhares de brasileiros se vestiram de verde e amarelo e foram às ruas protestar contra o atual governo federal. As principais bandeiras levantadas eram contra a corrupção. Porém, uma minoria, é bem verdade, pedia uma intervenção militar no país.

A peça “E Nós que amávamos tanto a revolução”, do Fringe (espetáculos de diversos gêneros e formatos, inéditos ou não, para adultos, jovens ou crianças, em espaços tradicionais, alternativos ou rua, segundo regulamento do Festival), faz parte do Festival de Teatro de Curitiba de 2015, tendo como pano de fundo os anos de chumbo.

“Acredito que falar sobre esse assunto para essa nova geração é um assunto pertinente, há muitas ideias distorcidas sobre a ditadura, principalmente destes retrógrados alienados que defendem a volta de um sistema totalitário”, enfatiza Ewerton Frederico, diretor e roteirista da peça, lembrando o ato do último dia 15.

A peça conta a história de dois amigos, que, após muitos anos sem contato, se reencontram nos anos da ditadura e em situações opostas: um é delegado e o outro é professor. Para Frederico, a ditadura, apesar de servir como ambientação no espaço-tempo, não é uma mera citação.

“Ela está ali de forma contundente em cada fala, em cada luz que se acende ou apaga, tudo foi concebido de forma documental para que fosse criado um ambiente claustrofóbico. Tratamos o assunto de forma realista, sem disfarces, há poesia, mas também há crueldade”, explica.

O golpe militar de 1964 completou, no ano passado, 50 anos. A redemocratização do país data de 1985. Contudo, a peça começou a ser escrita em 1992 e demorou mais de seis anos de pesquisa. Sua estreia foi em 2008, no teatro Ruth Escobar, em São Paulo. “Neste mesmo teatro, que também foi palco de protestos durante a ditadura”, relembra Frederico.

Em 2015, a peça chega a Curitiba e pretende, mesmo depois de três décadas do fim da ditadura, emocionar e despertar o sentimento de justiça. “Tomara que consigamos tocar o coração de todos os curitibanos”, conclui o roteirista.

“E nós que amávamos a revolução” tem estreia marcada para esta sexta-feira (03), no Teatro Cleon Jacques, às 14h. Reapresentações dia 04, às 17h e dia 05 às 20h, no mesmo local. A duração da peça é de 60 minutos e as entradas custam R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia). A peça não é recomendada para menores de 14 anos.