Não poderia ser diferente o resultado da discussão interna travada nos últimos dias pela dividida cúpula do PSDB em torno da candidatura ideal do partido à Presidência da República.
Todos sabem que o problema extrapolou os nomes preferenciais de José Serra e Geraldo Alckmin para derramar-se na imprensa e nos meios políticos como repelente briga de contornos jamais vistos na agremiação, em tese, fundada para recolher homens públicos acima de qualquer suspeita.
Percebe-se, então, para a desdita de muitos, que o ninho da social-democracia na versão tupiniquim é tão ou mais contaminado pelo germe causador de discórdia que, por linhas oblíquas de interpretação, somente dispunha de terreno propício para desenvolver-se nos demais partidos, vertedouros do atraso e da politicalha mais desbragada.
Pelo menos, com base nessa intenção, os formadores do PSDB construíram o principal argumento que os levou a romper vínculos com o PMDB, logo após o encerramento dos trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte, em 1988.
Figuras insignes como Mário Covas, Franco Montoro e FHC estavam à frente duma pletora de outros nomes importantes em seus estados e dessa lucidez corajosa haveria de surgir um partido, cujo primeiro compromisso seria a renovação do ambiente da política brasileira, numa espécie de ?aggiornamento? do que parecia – de fato – apodrecido e coberto de bolor.
Em menos de vinte anos, oito dos quais no comando da administração federal, o PSDB desfila perante a sociedade ostentando as mazelas e desvios de conduta até aqui repugnados nos demais partidos. E a feroz disputa de grupos pelo domínio da máquina, sobretudo da prerrogativa de ?fazer? o candidato presidencial, não apenas equipara o partido aos congêneres como o priva da autoridade moral de imaginar-se superior.
O PSDB é um partido igual a todos os outros e os eleitores estão cansados de saber. Mesmo a prática do famigerado caixa dois, compra de votos no Congresso, rateio de emissoras de rádio e televisão entre amigos leais e duvidosa preferência a determinados grupos econômicos não são elementos desconhecidos no curtíssimo tempo de vôo dos tucanos.
Como se vê, partido que não tardou a absorver as manhas que sempre condenou na periferia.