Destroços do Boing se espalham por área de 30 km

Os quase cem homens que integram as equipes de resgate das vítimas da queda do Boeing 737-800 da Gol estão encontrando dificuldades de toda ordem para os trabalhos de localização e identificação das vítimas. Há corpos espalhados num raio que pode se estender de 20 a 30 quilômetros, pois o avião, aparentemente, começou a se desintegrar alguns minutos antes da queda do seu pedaço principal, com a cabine, partes da asa e do eixo central

Para preservar o local de impacto o máximo possível, 20 homens, entre os mais treinados do esquadrão Parasar, elite da Aeronáutica especializada em busca e resgate, dormiram ontem na mata, próximo ao local do acidente. Além da árdua tarefa de busca, eles ainda têm de espantar animais – raposas, tatus, felinos, aves de rapina e outros carniceiros da floresta tropical, que atacam ferozmente pedaços de corpos já em estado de decomposição

As primeiras análises da Aeronáutica levam à suposição de que alguns passageiros, sobretudo os que estavam sem cinto de segurança, podem ter começado a cair logo após o choque com o avião menor, o Legacy. Nesse caso, podem ter caído a 100 e 200 quilômetros por hora, antes do avião se chocar com o solo. Se confirmada essa hipótese, as buscas poderão durar muito mais tempo e nem todos os corpos serão resgatados. "Faremos o possível para encontrar todos, mas há a possibilidade real de não encontrarmos alguns ou vários", lamentou o brigadeiro Jorge Kersull Filho, da Aeronáutica, que comanda as operações de buscas

Alguns membros da equipe de resgate estimam que só poderá ser possível fazer a identificação de no máximo a metade do total de mortos – 149 passageiros e seis tripulantes. Nesse caso, será realizado um enterro simbólico, coletivo, em homenagem às vítimas cujos corpos não foram encontrados

Anteontem haviam sido localizados pedaços do que podem ter sido um homem e uma mulher, que começaram a ser periciados. Ontem, as equipes de buscas das vítimas do acidente encontraram mais corpos em dois locais diferentes

Em uma das áreas onde foram localizados restos humanos os peritos não souberam dizer quantos corpos havia, tão deplorável era o estado em que se achavam. "Eram pedaços de corpos", disse o legista Aluísio Trindade, do Instituto Médico Legal (IML) de Brasília, que coordena o trabalho de identificação das vítimas. Em outro local, dois corpos foram localizados junto à caixa-preta, e estavam muito mutilados

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