Desemprego no País subiu para 10,4% em março

Rio – O mercado de trabalho permanece em compasso de espera nas seis principais regiões metropolitanas do País. Em março, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apurou uma taxa de desemprego de 10,4%, ante 10,1% em fevereiro, impulsionada pelo aumento da procura por emprego. Apenas 7 mil vagas foram criadas para atender aos 2,31 milhões de pessoas que estavam em busca de trabalho nos locais pesquisados.

A estagnação no mês não impediu que o primeiro trimestre do ano apresentasse a menor taxa de desemprego média (9,9%) apurada para um primeiro trimestre desde o início da série histórica da pesquisa mensal de emprego, em 2002. Outra boa notícia é que o rendimento médio real dos trabalhadores aumentou 0,5% ante fevereiro e cresceu 2,5% na comparação com março do ano passado.

Para Cimar Azeredo, coordenador da pesquisa, o ano ainda não começou para o mercado de trabalho e a tendência, de acordo com a tradição, é que vagas comecem a ser abertas a partir de abril.

Em março, foi registrada variação zero no número de ocupados na comparação com fevereiro, enquanto o número de desocupados (sem trabalho e procurando emprego) aumentou em 81 mil pessoas (ou 3,6%) nas 6 regiões, pressionando a taxa.

Para Azeredo, março foi "um momento de preparação para uma inflexão na taxa de desocupação (desemprego)". Ele sublinhou que sazonalmente a taxa de desemprego segue uma trajetória de elevação no ano até março ou abril e, a partir daí, inicia uma inflexão para novas quedas.

Marcelo de Ávila, analista de mercado de trabalho do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), também acredita que a taxa voltará a cair no segundo trimestre, possivelmente a partir de maio. Para ele, a permanência da taxa de desemprego em nível elevado em março responde a uma recuperação da economia "de forma muito heterogênea".

Ele observou que alguns setores da economia mostram bom desempenho neste início de ano, mas outros ainda estão tateando no ritmo de atividade e essa heterogeneidade acaba tendo conseqüências na criação de emprego. "Está havendo alguma recuperação do mercado de trabalho, mas no início deste ano ela ocorreu de forma um pouco mais amena do que nos primeiros meses do ano passado, quando o mercado respondeu a um crescimento forte do PIB (Produto Interno Bruto) em 2004", avalia.

Em março, segundo o IBGE, 54,8% dos 2,31 milhões de desocupados nas 6 regiões eram mulheres e 45,2%, homens. O maior porcentual de desocupados (49%) tinha 11 anos ou mais de estudos e a maior parte desse grupo (pelo menos 70%) estudou até o segundo grau.

Além disso, 20,7% dos desocupados procuravam emprego pela primeira vez (a maior parte na faixa etária entre 16 e 24 anos) e 79,3% já trabalharam anteriormente. O detalhamento dos desocupados mostra também que 47,9% procuravam emprego havia, no mínimo, 31 dias e no máximo, 6 meses, enquanto 11,9% procuravam uma vaga havia 2 anos.

Renda

Azeredo destacou que os dados da pesquisa de março mostram que o processo de recuperação de renda prossegue, mas de forma mais discreta do que vinha ocorrendo nos meses anteriores. Ele disse que o aumento de 0,5% no rendimento médio real dos trabalhadores em março, ante fevereiro, foi "menor do que o esperado para essa época do ano".

No entanto, ele lembrou que há uma recuperação do poder de compra num período mais longo de comparação, já que é significativo o aumento de 2,5% no rendimento em março ante igual mês do ano passado.

Em março, o rendimento médio nas 6 regiões chegou a R$ 1 006,80, superior ao registrado nos períodos mais recentes, mas ainda inferior ao registrado em fevereiro de 2003 (R$ 1.009,56). O maior rendimento médio da série histórica do IBGE, iniciada em março de 2002, foi registrado em julho de 2002 (R$ 1.142,02).

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