Delegado é preso acusado de chefiar quadrilha que extorquia sacoleiros

A Corregedoria da Polícia Civil prendeu, na manhã desta quarta-feira (7), o delegado de Engenheiro Beltrão, Claudimar Lúcio Lugli, 39 anos, acusado de comandar uma quadrilha que abordava ônibus de sacoleiros para apreender mercadorias e extorquir passageiros. Ele foi detido na operação Fênix, desencadeada simultaneamente em Engenheiro Beltrão, Foz do Iguaçu, Santa Terezinha de Itaipu e Curitiba e cumpriu cinco mandados de prisão e nove de busca e apreensão.

Além do delegado, a Corregedoria prendeu o auxiliar de carceragem de Engenheiro Beltrão, Osni Aparecido Marques de Araújo, 28, Ricardo Henrique Nogueira, 24, Maykon Humberto Zuffa, conhecido como ?Borboleta?, 22, e Mário Néri Júnior, 26. A polícia ainda procura por Douglas Pacce, 21, acusado de integrar a quadrilha. Em Curitiba, a Corregedoria apreendeu um veículo Audi A4, no valor de R$ 160 mil, que seria do delegado. Todos os mandados foram expedidos pelo juiz da Comarca de Engenheiro Beltrão, Sílvio Hideki Yamagushi.

?Recebi denúncias de pessoas da região e determinei que a Corregedoria da Polícia Civil as investigasse. Foram quatro meses de apurações, que comprovaram a ação da quadrilha, envolvendo o delegado e o auxiliar de carceragem?, afirmou o secretário da Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari.

Para cumprir os mandados de prisão e de busca e apreensão, 33 policiais civis da Corregedoria, do Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce), Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), da Subdivisão de Foz do Iguaçu foram acionados. Por volta das 6h, em Engenheiro Beltrão, a polícia prendeu o delegado, o auxiliar de carceragem, Nogueira e Zuffa.

Na residência de Osni Araújo, a polícia apreendeu um revólver calibre 38, diversos tipos de munição, um veículo Gol e um Golf. Mário Néri Júnior foi preso em Foz do Iguaçu e o foragido Douglas Pacce estaria em Santa Terezinha de Itaipu, mas ainda não foi encontrado. Em Curitiba, os policiais cumpriram mandados de busca e apreensão em um apartamento do delegado Lugli, onde apreenderam bebidas importadas, diversos documentos e uma nota de US$ 100. Em uma revenda de automóveis, em Curitiba, a polícia apreendeu um veículo Audi A4, no valor de R$ 160 mil, que seria do delegado.

Sigilo ? No final da manhã desta quarta-feira (07), o juiz da comarca de Engenheiro Beltrão, decretou, a pedido da Polícia Civil, a quebra do sigilo bancário do auxiliar de carceragem. De acordo com informações da Corregedoria, já foram encontrados depósitos de alto valor, entre eles um de R$ 30 mil. A Corregedoria aguarda, agora, que seja decretada a quebra dos sigilos bancário e fiscal do delegado Claudimar Lugli.

O delegado e o auxiliar de carceragem ficarão presos em Curitiba. O restante da quadrilha ficará, por enquanto, na delegacia de Engenheiro Beltrão. Todos responderão por formação de quadrilha. Lugli também será indiciado por lavagem de dinheiro. O carcereiro responderá ainda por porte ilegal de arma.

O delegado responderá administrativamente por crime contra o patrimônio e por ?contratar? pessoas estranhas para função policial, já que integrantes da quadrilha se passavam por policiais para abordar os ônibus. A polícia investiga a possibilidade de o delegado e os integrantes da quadrilha terem cometido outros crimes.

Esquema ? De acordo com o delegado da Corregedoria da Polícia Civil Marcelo Lemos de Oliveira, em meados de setembro do ano passado, o secretário da Segurança Pública determinou que as denúncias feitas por moradores da região fossem investigadas. A Corregedoria instaurou um inquérito policial, presidido pelo delegado Marcelo Lemos, que fez todo o levantamento das informações e conseguiu a quebra do sigilo telefônico dos envolvidos.

Durante quatro meses, o delegado desvendou o esquema que seria liderado pelo delegado Claudimar Lúcio Lugli. ?Com a ajuda de Osni de Araújo ele montou um grupo para abordar principalmente ônibus de sacoleiros que transportavam produtos de informática e cigarros. Os veículos eram parados na estrada pela quadrilha, que se passava de policiais, apreendia toda a mercadoria e extorquia os passageiros com a ameaça de que seriam autuados?, disse. Segundo as apurações, a quadrilha já possuía receptadores para vender toda a mercadoria apreendida.

Para fazer as abordagens, Araújo pagaria o informante Douglas Pacce, que repassava informações de Foz do Iguaçu sobre horários, trajetos e mercadorias transportadas pelos ônibus. Segundo a polícia, Nogueira e Zuffa seriam os integrantes que se passavam por policiais para abordar os ônibus. Mário Néri Júnior teria a função de contatar os receptadores para vender as mercadorias apreendidas pela quadrilha.

A Corregedoria investiga agora quem eram os receptadores e ainda possíveis outros crimes, como homicídio, que teriam sido cometidos pela quadrilha.

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