Década desperdiçada

Enquanto a economia mundial, nos últimos onze anos, cresceu a uma taxa média de 4%, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro – soma de todas as riquezas produzidas em um ano – permaneceu firmemente ancorado no inexpressivo desempenho de 2,3% anuais no mesmo período.

Apesar das clarinadas com que o governo sempre procurou suavizar a realidade do pífio crescimento da economia, chegando, em alguns momentos de exagero delirante, a prognosticar uma expansão de 4,5% em 2006, o que se ratificou anteontem era de domínio público: a economia brasileira cresceu apenas 2,9%.

Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), já dispensado de dar palpites na condução da nossa política econômica, mas nem por isso impedido de divulgar análises técnicas sobre o que está ocorrendo no mundo, o panorama é desolador. E a admoestação pouco estimulante que o organismo constatou em relação ao Brasil é que em nenhum ano, desde 1996, conseguimos crescer em ritmo superior ou igual ao da economia globalizada.

Em 2006, a economia mundial acusou um crescimento médio de 5,1%, mas na lista dos 177 países do arco de interesse do FMI, o desempenho econômico brasileiro ficou no 142.º lugar. Prova cabal de mais uma década desperdiçada em termos de desenvolvimento socioeconômico, estratificando as utopias enraizadas no imaginário dos governantes, a saber, a elevação do investimento produtivo, a geração de empregos e a distribuição da renda.

O presidente Lula viu passar celeremente o primeiro mandato, traçando a áspera sensação de ocupar a curul de uma administração que não teve coragem ou vontade política, mais uma vez sufocando o anseio da massa, para ultrapassar a média anual de 2,6% de crescimento da economia.

A maior frustração do governo vem da incômoda certeza que o percentual de crescimento econômico dos últimos quatro anos é idêntico ao registrado durante o octaedro de Fernando Henrique Cardoso.

Mesmo assim, o otimismo do governo parece não ter sofrido o menor abalo. O ministro Guido Mantega fez questão de afirmar que nada interceptará nosso futuro glorioso. Stefan Zweig já dizia isso…

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