Vinte macacos-prego (Sapajus nigritus) que viviam em abrigos clandestinos de diferentes regiões do Paraná ganharam um novo lar nesta quarta-feira (14). Após avaliação de saúde, com bateria de exames e procedimentos cirúrgicos para microchipagem e castração (no caso dos machos), os animais foram transferidos para o Zoológico Municipal de Curitiba.

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No local, após período de duas semanas de aclimatação, longe dos olhares dos visitantes, os animais terão uma ilha à disposição, com brinquedos e equipamentos seguros, alimentação saudável e cuidados especiais para reaprenderem a viver em grupo – um dos tantos efeitos colaterais da criação doméstica sem autorização ambiental.

A ação contou com o apoio da Prefeitura de Curitiba, Centro Universitário Curitiba (UniCuritiba) e Universidade Paranaense (Unipar). “O cativeiro irregular trouxe vários problemas para esses macacos, principalmente na questão da alimentação, já que os cuidadores geralmente não possuem o conhecimento ou os produtos adequados para alimentá-los de forma apropriada”, afirmou o médico veterinário do Instituto Água e Terra (IAT), Pedro Chaves de Camargo. “Além disso, essas situações são muito propensas para a transmissão de zoonoses e causar diversos tipos de ferimentos, tanto nos animais quanto nos humanos”.

Macacos-prego foram resgatados de oito cidades do Paraná

A operação de resgate dos macacos-prego começou em dezembro de 2024 com a formatação da logística e do plano de deslocamento. Foram recapturados (com algumas doações voluntárias) de cidades de oito regionais do IAT com apoio do Batalhão de Polícia Ambiental Força Verde (BPAmb-FV): Francisco Beltrão, Toledo, Curitiba, Foz do Iguaçu, Guarapuava, Londrina, Maringá e Ponta Grossa.

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Os animais ficaram algumas horas na sede principal do IAT, em Curitiba, até serem encaminhados, na manhã desta quarta-feira (14), para a clínica veterinária da UniCuritiba. Todos passaram por uma avaliação geral de saúde e foram feitos alguns procedimentos médicos para garantir a adequação dos animais no novo ambiente.

“Como os macacos são animais muito agressivos, e ficaram muito tempo confinados em pontos diferentes do estado, vamos medicá-los com moduladores de comportamento para que possam se acostumar uns com os outros e viver juntos no novo ambiente”, explicou o coordenador do curso de Medicina Veterinária da UniCuritiba, George Ortmeier Velastin.

Macacos-prego vão passar por processo de adaptação no Zoo de Curitiba

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Os primatas foram transportados para o Zoológico de Curitiba, onde permanecerão em um espaço inacessível para visitantes por duas semanas para um período de adaptação. Após a conclusão desse processo, serão transferidos para a nova moradia permanente do grupo: o recinto-ilha dos primatas do Zoológico de Curitiba, que antes estava vazio.

“No zoológico os macacos terão como abrigo um espaço grande e serão monitorados por uma equipe de zootecnistas e médicos veterinários qualificados que garantirão qualidade de vida. Terão uma sobrevida muito mais saudável, algo próximo do que eles teriam em vida livre”, destacou Camargo.

Macaco-prego

O macaco-prego é uma espécie de primata que vive em árvores, de hábitos diurnos, e está em vários países da América do Sul. Se alimenta predominantemente de frutos, mas também de pequenos vertebrados. Os grupos possuem entre 10 e 20 indivíduos, com território de cerca de 355 hectares a 850 hectares.

A gestação é de cerca de 180 dias. O filhote nasce com cerca de 210 gramas e permanece agarrado à mãe. A maturidade sexual é alcançada com cinco anos de idade e os machos só se reproduzem quando asseguram posições elevadas na hierarquia do grupo.

Como denunciar casos de animais vítimas de maus-tratos e tráfico ilegal

Ao avistar animais machucados ou vítimas de maus-tratos, tráfico ilegal ou cativeiro irregular, o cidadão deve entrar em contato com a Ouvidoria do Instituto Água e Terra ou da Polícia Militar do Paraná.

Se preferir, outra opção é ligar para o Disque Denúncia 181 e informar de forma objetiva e precisa a localização e o que aconteceu com o animal. Quanto mais detalhes sobre a ocorrência, melhor será a apuração dos fatos e mais rapidamente as equipes conseguem fazer o atendimento.

Desde 2011 o Instituto Água e Terra é responsável, em parceria com os municípios, por toda gestão e o controle da fauna silvestre em cativeiro. De acordo com a o artigo 29 da Lei de Crimes Ambientais (nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998), é proibido “matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida”, com pena prevista de seis meses a um ano de prisão, além da multa.