Impermeabilização do sofá

Responsáveis por explosão em apartamento no Água Verde podem ir a júri popular

Edifício onde apartamento que explodiu após uma impermeabilização de sofá. Foto: Aniele Nascimento / arquivo Gazeta do Povo.

Está marcado para esta sexta-feira (14) a audiência em uma das varas privativas do Tribunal do Júri do caso que envolve a explosão de um apartamento no bairro Água Verde, em Curitiba, em 2019. O acidente provocou a morte do menino Matheus Henrique Lamb, de 11 anos.

A expectativa por parte da família é de que o juiz defina pela marcação da data para um júri popular dos reús: os donos da empresa Impeseg, José Roberto Porto Correa e Bruna Formankuevisky Porto e o funcionário Caio Santos, que aplicou o impermeabilizador no sofá do apartamento.

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De acordo com a advogada da família Lamb, Rafaella Munhoz da Rocha, as outras partes vêm adiando essa fase que define os rumos de como vai ser o julgamento dos acusados. “Os réus têm usado de manobras para adiar o término dessa fase e essa audiência foi adiada outras vezes. Espera-se que aconteça a audiência e seja ouvida a última testemunha de defesa deles. Parece que essa pessoa nem trabalhava na empresa e além disso, é preciso ouvir o José Roberto, a Bruna Porto, e o funcionário Caio dos Santos. A partir daí, o juiz define se vai a júri popular ou volta para uma vara criminal comum”, revelou a advogada à Tribuna do Paraná.

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“Não caia no esquecimento”

Segundo a advogada, a demora na conclusão do processo prejudica a família, que perdeu o filho em uma explosão. “ Vai fazer dois anos da explosão e peço que o caso não caia no esquecimento. Morreu uma criança de 11 anos e a Justiça precisa ser firme. A Rachel, irmã do Matheus, e o Gabriel, marido da Rachel, foram ouvidos. A audiência estava prevista para ser de modo virtual e eles adiaram pedindo para ser presencial. Tomara que não tenha mais nenhuma desculpa”, relatou Rocha.

Caso o juiz venha a decidir por um júri popular, cabe recurso para defesa dos proprietários da empresa e ao funcionário. Sendo assim, um júri pode acontecer entre seis e um ano após a audiência desta sexta-feira.

A Tribuna do Paraná tentou contato com a defesa da Imperseg, mas não conseguiu até o fechamento dessa reportagem.

Entenda o caso

No dia 29 de julho de 2019, uma impermeabilização de sofá mal sucedida causou a explosão de um apartamento no Água Verde, em Curitiba. Um menino de 11 anos morreu e três pessoas ficaram feridas – inclusive o próprio técnico. O acidente ocorreu enquanto Caio Santos impermeabilizava o sofá do apartamento, logo após a proprietária do imóvel, Raquel Lamb, 23 anos, acender o fogão para preparar um café.

Com a explosão, o irmão de Raquel, de 11 anos, foi arremessado do 6º andar e morreu a caminho do Hospital do Trabalhador. Outras três pessoas, Raquel, o marido Gabriel Araújo e o técnico também ficaram feridos e internados no Hospital Evangélico.

Dos três, o técnico é o que ficou em situação mais grave, com 65% do corpo queimado. Raquel teve 55% do corpo queimado e Araújo, 30%. Os réus são acusados por homicídio qualificado. A denúncia oferecida pelo Ministério Público (MP) contra o casal aponta homicídio qualificado por motivo torpe e uso de meio explosivo. No caso do técnico Caio Santos, a qualificadora é apenas uso de meio explosivo.