Um jovem de 17 anos vai ser obrigado a trocar de colégio após sofrer com ofensas racistas e ameaças vindas de outros estudantes em filial de uma tradicional instituição de ensino de Curitiba. O caso de racismo envolve seis alunos do Colégio Positivo do bairro Boa Vista. Eles teriam ameaçado e insultado um colega, inclusive desenhado eu seu caderno uma suástica, símbolo do nazismo.
A Polícia Civil esta investigando o caso. Prints de conversas particulares e em grupos em aplicativos mostram parte das ameaças e agressões. A gota d´água teria sido uma confusão entre os envolvidos na saída do colégio. De acordo com ela, a coordenação tomou conhecimento do caso, conversou com os envolvidos e não fez nada mais a respeito. O colégio, entretanto, diz que tem conversado com os envolvidos constantemente.
Além das ofensas quase diárias, o grupo de estudantes desenhou um símbolo nazista no caderno da vítima, o que causou mais revolta na família. Apesar de ter sido oferecida uma troca de colégio dentro da mesma rede, a família preferiu transferir o aluno pra outra instituição por receio de novos problemas.
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Segundo a mãe do jovem (ambos não terão o nome divulgado pela reportagem) esta não é a primeira vez que o filho sofre ofensas racistas. “Ele sofre com isso desde pequeno. Sempre que eu ia conversar com a direção eles me falavam que ‘era uma brincadeira de criança”, lamentou a mãe à Tribuna.
Basta no racismo
Segundo ela, não dar atenção às agressões foi um erro e acabou por causar ainda mais dor ao filho. “Eu conversava com meu filho, mas não levava isso adiante. Muitas vezes eu mudava ele de escola. Dessa vez eu questionei o porque dele não me falar nada e ele me respondeu: ‘para você falar que não é para eu levar a serio?'”, contou a mãe. “Me sinto culpada de não ter feito antes o que estou fazendo agora”, acrescentou.
Agora, segundo ela, a conversa é diferente. Ao procurar expor o caso ela pretende contribuir para que outras pessoas não sofram este tipo de situação. “Hoje estou sendo a voz de muitos pais, crianças, adolescente, adultos que sofrem a mesma coisa”. E completa: “Não se calem (como eu fiz)”.
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Para a mãe aflita, é preciso levar casos como esse mais a sério. “Sempre trabalhando a igualdade, amor ao próximo (indiferente de quem seja o seu próximo). Brincadeiras acontecem, mas não podemos generalizar e não podemos confundir brincadeira com crime. Devemos mostrar que todos esses atos têm suas consequências sim, tem punição sim.
Perdão
A mãe do jovem vítima de racismo falou sobre os agressores. “Eu perdoo os agressores, mas não esqueço. Espero que a justiça seja feita, que eles tenham a consciência de que racismo não é vitimismo, não é brincadeira. É crime”, desabafou. E acrescentou. “Que as escolas façam um trabalho mais sério em relação ao tema, mas não apenas como os alunos. Os pais precisam ser envolvidos, pois a criação vem de casa”.
E concluiu. “Violência não pode ser combatida com violência, perdão é uma coisa, esquecer é outra. Você perdoar não significa que vai passar a mão na cabeça, significa que as pessoas têm que aprender que tudo na vida tem uma consequência e eles vão responder perante a justiça”.
E aí, Colégio Positivo?
O colégio se pronunciou por uma nota oficial. “Repudiamos e não toleramos no ambiente escolar qualquer ato de desrespeito, preconceito e discriminação. “Após a denúncia, iniciamos imediatamente a apuração dos fatos, com o atendimento das famílias envolvidas. A comunicação com os responsáveis segue acontecendo e, após isso, todas as informações serão apresentadas às autoridades competentes”, disse o colégio.
Que seguiu. “De acordo com o Regimento Interno, condutas impróprias manifestadas por nossos estudantes são prontamente compartilhadas com os responsáveis pelos envolvidos. Em caso de ato infracional, as autoridades públicas competentes são comunicadas, sempre com o conhecimento da família”, disse. A nota fala que o colégio tem canais específicos para relatos de casos envolvendo bullying e outros tipos de denúncias dos estudantes.