Opinião

O que os candidatos à prefeitura pensam sobre o Uber?

Candidatos se posicionaram sobre funcionamento o Uber em Curitiba. Foto: Felipe Rosa

Uma semana depois de afagar defensores da regulamentação do Uber com o veto a um dos dispositivos da lei que endurece a multa para o transporte de passageiros sem autorização, o prefeito Gustavo Fruet convocou a imprensa para anunciar um pacote de medidas para melhorar o serviço do taxi na cidade.

Essa relação de “afeto” de políticos com a categoria laranja é antiga e não é exclusividade de Curitiba. Neste ano, com a chegada de aplicativos como Uber, Cabify e Will Go ao país, a categoria que já tem um histórico de influência sobre políticos, exercerá uma pressão ainda maior.

Na cerimônia realizada no Palácio 29 de Março no último dia 12 de maio, Fruet, assessores e secretários estavam rodeados de taxistas, que aplaudiam a cada aceno feito à categoria e pressionaram o prefeito depois do seu discurso para que ele tomasse um posicionamento mais firme sobre medidas que impeçam a atuação de motoristas cadastrados ao Uber. O pededista tem dito que é a favor de todo tipo de tecnologia, mas prega respeito aos taxistas.

As assessorias dos nove candidatos à prefeitura de Curitiba foram procuradas para que eles se posicionassem sobre o funcionamento de aplicativos como o Uber na cidade. Afonso Rangel e Rafael Greca não deram retorno. Veja o que pensam os demais candidatos:

 

Ademar Pereira (PROS)

Implantarei um aplicativo, que tornará a nossa organização de táxis, com mais de 3 mil automóveis, em um grande serviço de motorista particular, onde o usuário poderia comprar o direito de usar um dos motoristas particulares disponíveis, diminuindo os automóveis nas ruas e estacionamentos. E regulamentaremos os aplicativos para que paguem impostos nas mesmas condições dos nossos prestadores de serviços.

 

Gustavo Fruet (PDT)

A Prefeitura vem incentivando o uso de novas tecnologias, como aplicativos, tanto que abriu todo o sistema de informação para os desenvolvedores. Porém, o Uber é um assunto que merece outro tipo de atenção. O sistema de táxi em Curitiba já está regulamentado e é preciso ter o respeito aos trabalhadores, ainda mais neste momento de crise econômica, e à história dos taxistas, que durante décadas se dedicam a fazer do sistema de táxi de Curitiba o melhor do Brasil em custo-benefício.

 

Maria Victoria (PP)

Toda inovação é bem-vinda, desde que haja justiça. Uma regulamentação específica é necessária, para garantir competitividade aos serviços oferecidos. Considero muito positiva a chegada desses aplicativos às cidades médias e grandes, desde que regulamentados, pois o transporte compartilhado ajuda a melhorar a mobilidade, é ecologicamente mais correto e também uma nova forma de gerar empregos.

 

Ney Leprevost (PSD)

Utilizo muito o serviço de táxis de Curitiba, gosto do atendimento que recebo e confio muito nos taxistas para transportar minha família. Quanto ao Uber, cabe a Câmara Municipal decidir sobre a regulamentação, de modo que os direitos e obrigações de todos sejam respeitados, gerando assim isonomia para todos trabalharem de forma igualitária, justa e competitiva, beneficiando em primeiro lugar a população.

 

Requião Filho (PMDB)

Meu entendimento sobre o Uber é o mesmo da Procuradoria Federal. Cabe ao Governo Federal regulamentar isso e o prefeito que disse que vai regulamentar ou mesmo proibir está esperando uma ação do STF contra si. Minha ideia é diminuir as taxas pagas pelos taxistas para tornar o serviço mais competitivo. Sugeri a criação de um aplicativo público nos moldes do Uber, mas mais moderno. Essa empresa nos ensinou que é possível prestar um bom serviço, com bom preço e ser bem aceito pela população.

 

Tadeu Veneri (PT)

É preciso promover o diálogo e buscar a regulamentação de aplicativos como o Uber, criando um ambiente de competição livre e não predatória entre taxistas e uberistas. Não podemos permitir que a chegada desses aplicativos resulte em uma concorrência desleal com quem está no mercado. Ao mesmo tempo, é inverossímil imaginar que se possa impedir de alguma maneira as pessoas de recorrerem a esses aplicativos. Também não se pode permitir que essas tecnologias resultem na formação de monopólios.

 

Xênia Mello (PSOL)

O PSOL saúda a chegada do Uber e das novas tecnologias que permitem uma nova relação entre usuários e motoristas, com praticidade e segurança. Porém, a mera aplicação do Uber nos moldes atuais precariza ainda mais o trabalho dos motoristas. O atual sistema de concessão dos serviços de táxi já está equivocado. Defendemos a implantação de uma plataforma municipal ou metropolitana nos moldes do Uber, mas garantindo boas condições de trabalho e os direitos trabalhistas básicos de cada motorista.