A maior herança que Eva Adriana Verbes Alves Rodrigues recebeu da mãe foi a fé. Criada em berço católico, ela aprendeu desde cedo o valor da devoção. Em novembro de 2008, essa fé foi colocada à prova — e resistiu. Na época, Adriana estava grávida de oito meses quando sofreu um grave acidente de trânsito no Centro Cívico, em Curitiba.
Ela voltava do Shopping Estação na garupa da moto com o marido quando um motorista furou o sinal vermelho e atingiu o casal. “Meu marido foi para um lado e eu fui para o outro. Ele quebrou o fêmur e o braço, perfurou uma costela e ficou 15 dias na UTI. E eu, grávida. Chamaram o Siate porque achavam que eu ia ganhar meu filho ali mesmo”, relembra.
Com o fêmur quebrado, Adriana foi levada às pressas ao hospital e encaminhada diretamente para a ecografia. Em meio à dor e ao medo, ela encontrou refúgio na oração: “Nossa Senhora, cuida do meu filho. Ele está em suas mãos.” Pouco depois, o médico deu a notícia que ela jamais esqueceria: o bebê estava bem, sentado, sem qualquer sinal de sofrimento ou ferimentos. Um verdadeiro milagre para a mãe.
“Não tive descolamento de placenta, nem sangramento, nem nada. O médico até brincou comigo dizendo: ‘Mãezinha, foi só sua perna. Seu filho está quietinho aqui e só vai nascer quando quiser’”, conta. E assim foi. O menino nasceu saudável, apenas em janeiro, como previsto.
Nossa Senhora Aparecida: a protetora da família
Depois do acidente, Adriana decidiu marcar a experiência na pele. No ombro, tatuou a imagem de Nossa Senhora Aparecida, símbolo da fé que a acompanhou desde a infância. “Se não fosse por ela, nem eu nem ele estaríamos aqui hoje. Minha mãe sempre ensinou que tudo deve ser colocado, primeiro, nas mãos de Nossa Senhora”, afirma.
A mãe, Maria Verbes Alves, hoje com 75 anos, também viveu o próprio milagre. Das seis gestações que teve, apenas três filhos nasceram e sobreviveram. Adriana é uma dessas promessas atendidas. “Ela fez uma promessa: se os filhos nascessem e sobrevivessem, um se chamaria Eva e o outro, Adão”, conta Adriana, revelando o elo de fé que atravessa gerações.

À imagem da padroeira
O exemplo de devoção não parou nas orações. Até o início da pandemia da covid-19, Maria organizava sozinha e anualmente uma festa de Dia das Crianças no bairro Jardim Santa Maria, em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Com doações conseguidas de porta em porta, ela reunia brinquedos, doces e brincadeiras para os pequenos da comunidade.
Com o avanço da idade e as restrições impostas pela pandemia, a tradicional festa precisou se reinventar. O formato mudou, mas o propósito permaneceu o mesmo: espalhar alegria e renovar a fé. Por isso, a cada ano, mãe e filha repetem o ritual de solidariedade.
Enquanto Maria pedia doações, Adriana ajudava nas entregas. O trabalho é feito com a mesma dedicação de quem prepara uma festa para si e com a mesma fé de quem acredita que cada gesto é um exemplo de amor. Neste ano, devido à idade mais avançada de Maria, a ação especial não será realizada.
Para elas, o dia que une o Dia de Nossa Senhora Aparecida e o Dia das Crianças, celebrado neste domingo (12/10), é mais do que uma data comemorativa. É um símbolo de tudo o que acreditam: fé, gratidão e partilha. “Essa ação é uma forma de agradecer e de expressar nossa fé. Ao fazer o bem aos outros, sentimos que estamos em bem conosco mesmos”, completa Adriana.
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