À espera dos pacientes

Não se engane: UPAs vazias não significa que coronavírus está perdendo força

Unidade de Pronto Atendimento 24 horas do Boa Vista, em Curitiba. Foto: Gerson Klaina / Tribuna do Paraná.

Quem passa em frente das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Curitiba, assim como nas unidades de saúde e hospitais pode ter notado o baixo movimento, algumas até com bem poucos pacientes. Quarta-feira (8), a reportagem da Tribuna passou por três UPAs que estavam completamente vazias: Campo Comprido, Boa Vista e Cajuru.

Você até já deve ter ouvido alguém perguntar que, se no meio de uma pandemia de coronavírus, por que as UPAs estão vazias? Pelo WhatsApp, vídeos com unidades de saúdes vazias em diversas cidades brasileiras circulam com o questionamento: se não há pacientes, por que o comércio ainda segue fechado? Mas aí vem o engano. Unidades de saúde ainda vazias não são sinônimos de que o risco de contágio caiu. Pelo contrário. Elas estão sendo preparadas para o pior.

De acordo com o secretário estadual da saúde, Beto Preto, o isolamento precisa continuar. “Não é porque não tivemos uma ascensão da curva efetivamente até agora, que isso não vá acontecer”, destaca o secretário em entrevista ao jornal Meio-Dia Paraná, da RPC. Na visão dele, a situação pode ficar fora de controle se houver aumento de pessoas na rua. “Se isso acontecer, vamos passar por um momento difícil, vamos colapsar”, alerta o secretário de Saúde.

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De acordo com a superintendente de gestão em saúde da Prefeitura de Curitiba, Flávia Quadros, as UPAs e unidades de saúde estão vazias devido a todo um plano de ação de enfrentamento ao coronavírus. O objetivo é deixar as unidades e leitos de hospitais à disposição para os casos graves da pandemia. 

Mudança no atendimento

O plano de enfrentamento da Secretaria Municipal de Saúde foi separado em duas etapas. A primeira é uma ação diretamente nos hospitais, reduzindo atendimento em ambulatório, cancelando cirurgias eletivas, deixando à disposição leitos para casos emergenciais. Já na segunda fase, o atendimento nas unidades de saúde foram reduzidos.

“Idosos que iam buscar medicamento, hipertensos, eles estão recebendo agora o remédio em casa. Só estamos mantendo o atendimento para pacientes crônicos, gestantes e bebês dentro das unidades”, explica Flávia. Com isso, a proposta é manter a população isolada em casa para evitar o contágio do covid19.

Além disso, todos os casos de pacientes com sintomas respiratórios estão sendo atendidos separadamente dos demais casos. Em algumas das UPAs de Curitiba, tendas do exército foram montadas para atender os suspeitos de coronavírus.

Teleatendimento

Em contrapartida, o atendimento médico por telefone recebe diariamente cerca de mil ligações. São pessoas com sintomas respiratórios, principalmente.

A orientação da Secretaria Municipal de Saúde é para que as pessoas busquem uma unidade de saúde em caso de emergência. “As consultas estão sendo feitas por telefone. Elas falam com um profissional de saúde e, se necessário, fazem videoconsulta”, explica a superintendente. Os atendimentos por telefone foram centralizados no número (41) 3350-9000. 

Mesmo estando em casa, hipertensos e diabéticos que fazem tratamento nas unidades de saúde continuam sendo monitorados. “Fazemos o acompanhamento por telefone. A gente consegue monitorar até o paciente diabético. Eles recebem o valor da taxa de glicemia através de um aparelho e todos esses dados são repassados para a unidade, que faz esse monitoramento do paciente”, revela Flávia Quadros.

Casos crescem gradativamente

Em Curitiba, de acordo com o último boletim publicado quarta-feira (8), há 288 casos de coronavírus e cinco mortes da doença. São 57 pacientes interenados, sendo que 24 estão em estado grave na UTI. O primeiro caso da capital paranaense foi registrado no dia 11 de fevereiro, quando um homem de 54 anos que havia retornado da Espanha apresentou os sintomas da Covid-19. 

A evolução gradual da doença aponta que o isolamento social tem dado resultado. “Os casos estão crescendo de forma gradativa, estamos felizes porque não temos muitos pacientes nas unidades com sintomas de coronavírus. Isso é sinal de que o isolamento está dando certo”, comemora a superintendente. Para ela, o importante é manter o contágio gradual para que o sistema de saúde possa atender a todos os casos, sem picos de contaminação.