Segurança

Homem que matou assaltante para proteger família pode ser preso por porte ilegal

Polícia Civil. Foto: Aniele Nascimento / Gazeta do Povo / Arquivo

O homem de 67 anos que matou um assaltante e pôs outro para correr no início da semana no bairro Xaxim, em Curitiba, pode ser indiciado por porte ilegal de arma. Apesar de ter agido em legítima defesa, conforme opinião do próprio delegado do caso, Silas Roque, do 8º distrito policial, o idoso – que não teve o nome divulgado – pode se complicar.

Ele e sua esposa, representantes comerciais, visitavam um cliente quando foram abordados pelos dois suspeitos. Rodrigo Silva, de 34 anos, e Osmar Felipe Canha, de 27 (completaria 28 nesta sexta), deram voz de assalto. Enquanto um recolhia os pertences das vítimas, o homem de 67 anos sacou a arma e num momento de distração disparou contra os suspeitos. Ambos saíram correndo, mas Osmar caiu baleado cerca de 100 metros depois e morreu.

Foi uma denúncia anônima que levou a Polícia Militar do Paraná (PM) a prender Rodrigo Silva logo após a tentativa frustrada de assalto ocorrida na manhã de quarta-feira (28).

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Em conversa com a Tribuna do Paraná, o delegado Silas Roque contou que os criminosos tinham uma extensa ficha criminal e, segundo ele, o idoso agiu em legítima defesa. No entanto, poderá responder pelo crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo, já que ele não possui registro em seu nome.

“Nosso entendimento é de que o idoso agiu em legítima defesa e que possivelmente não fique preso, mas ainda estamos averiguando a questão da arma, se ele a utilizava com frequência ou não. Caso fique comprovado que ele a portava em outros momentos, ele pode responder pelo crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo”, contou.

O rapaz que morreu no local, contava com várias passagens pelo sistema prisional, inclusive alguns processos ainda tramitavam na justiça. “Ele é responsável por ter cometido um crime há alguns, quando matou uma pessoa enquanto tentava roubar o carro da vítima”, afirmou o delegado do 8º DP.

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De acordo com o delegado Eric Guedes, responsável pela Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV), Rodrigo Silva, comparsa de Osmar, também já conta com passagem pelo sistema prisional e estava usando tornozeleira eletrônica. Ele responderá pelos crimes de tentativa de assalto e o assalto consumado momentos antes.

Pediu socorro

Momentos após ter sido baleado, Osmar correu por cerca de 100 metros, ligou para o primo e pediu por socorro. Não demorou muito para que o rapaz aparecesse na tentativa de resgatá-lo em um Renault Kangoo. O primo estava acompanhado de outro rapaz e ambos foram abordados pela PM após vizinhos comunicarem a presença de um carro suspeito. “Eles foram conduzidos à delegacia e confirmaram que teriam vindo resgatá-lo, mas que não sabia que ele já estava morto. O veículo usado utilizado não tinha alerta. A investigação continua”, conta o delegado.

Alugado para aplicativo

Ao lado do corpo de Osmar Felipe Canha foi localizada a chave de um Voyage. Os policiais realizaram um patrulhamento pela região e acharam o carro a algumas quadras dali, sem alerta de furto ou roubo. O proprietário foi localizado e ao ser questionado pela equipe, ele afirmou que fazia a locação do veículo para motorista de aplicativo e que tinha toda a documentação do automóvel. Ele ainda deverá ser ouvido na delegacia. O carro estava sendo usado para o cometimento de vários crimes na região.

Outros crimes

A vida dessa dupla era bem agitada no mundo do crime. Na última terça-feira (27), eles realizaram um assalto e levaram um Ford Ka, que foi recuperado 30 minutos depois pela PM, após rastrearem o celular da vítima. Já na quarta (28), pouco antes do último crime, eles haviam levado um Ford Focus no bairro Alto Boqueirão, que logo também foi recuperado. Em todas as situações, eles utilizaram o Voyage para deslocamento.

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Em 2013, a professora Viviane Aparecida de Oliveira Silva, 38 anos, retornava do casamento de sua filha, quando no cruzamento da Rua Eduardo Sprada e a Avenida Juscelino Kubitschek, na Cidade Industrial, foi abordada por um homem no sinaleiro. Após a voz de assalto, Viviane não conseguiu abrir a porta por conta do nervosismo e foi baleada. No carro estavam o marido da vítima e mais três pessoas.

Naquela noite, Osmar foi flagrado por uma câmera de segurança de um posto de combustível, no Boqueirão, abandonando um Jetta roubado. No carro havia uma arma calibre 38, identificada pelo Instituto de Criminalística como sendo a mesma utilizada na cena do crime. O suspeito foi localizado na casa de um amigo no Capão da Imbuia. Na época, negou ser autor do crime, mas assumiu a propriedade da arma.