“Quem bebe a água do monge não vai longe.” O ditado popular atravessa gerações e ajuda a manter viva a mística em torno da Gruta do Monge, localizada na Lapa, a cerca de 1h30 de Curitiba. Dentro do Parque Estadual do Monge, o espaço atrai visitantes interessados tanto nas paisagens naturais quanto nas histórias de fé, espiritualidade e devoção que atravessam séculos.
Desde o século XIX, a região Sul do Brasil foi percorrida por figuras conhecidas como monges andarilhos. De barba longa, sandálias de couro cru, gorro de pele e cajado na mão, esses personagens logo ganharam espaço no imaginário popular. Um deles foi João Maria d’Agostini, imigrante italiano que chegou ao Brasil em 1844 e passou pela Lapa no ano seguinte.
Segundo registros históricos, ele teria sido frei da ordem de Santo Agostinho e costumava pregar na Matriz da cidade. Sua missão era orientar espiritualmente a população, incentivar a prática do bem e receitar ervas medicinais a quem o procurava. Por onde passava, deixava cruzes fincadas no caminho, marcas que ajudaram a construir sua aura mística.
Com o tempo, os moradores passaram a atribuir curas e milagres à sua figura, passando a chamá-lo de “São João Maria”. Sua morte, no entanto, permanece envolta em mistério. Nunca se soube ao certo onde ou como teria falecido, o que alimentou ainda mais a devoção popular.
Anos depois, a crença ganhou novos contornos com o surgimento de um segundo personagem. Em 1894, durante a Revolução Federalista, Anastás Marcaf chegou à Lapa acompanhando as tropas de Gumercindo Saraiva. Conhecedor da história de João Maria d’Agostini, passou a adotar hábitos semelhantes e se apresentou como “João Maria de Jesus”, reforçando a continuidade simbólica do monge na região.



Paisagem natural se soma à mística
Mesmo com o passar do tempo, a espiritualidade segue presente no Parque Estadual do Monge. O local reúne símbolos ligados à trajetória do religioso e se tornou ponto de peregrinação. Fiéis percorrem trilhas marcadas por imagens e referências que remetem à história do monge e à religiosidade popular.
Para chegar à gruta, é preciso descer uma longa escadaria de pedra próxima ao mirante. No fim do caminho, está a fonte de água considerada pura, associada à tradição do monge. Uma das trilhas que partem do local leva à chamada “Pedra Partida”, uma grande formação rochosa com uma fenda natural moldada ao longo de milhares de anos pela ação do tempo.
O parque também abriga áreas destinadas à meditação, orações e manifestações de fé. Há locais específicos para o acendimento de velas e para o depósito de objetos deixados como agradecimento por graças alcançadas.
O acesso ao Parque Estadual do Monge é feito pela rodovia do Xisto (BR-476) e, já no perímetro urbano da Lapa, pela Avenida Getúlio Vargas. A entrada é gratuita.
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