Pacote misterioso

Encomenda suspeita da China com sementes intriga moradora de Curitiba: SC emite alerta

Foto: colaboração.

A encomenda que a enfermeira Ilona Maria Lachowski, de 63 anos, recebeu em casa recentemente parece o início de uma história conspiratória de ficção científica. Um pacote vindo da China, com postagem feita no dia 4 de fevereiro, veio endereçado a ela, com seus contatos de telefone, CPF e endereço completo de Curitiba. Sem ter feito nenhuma encomenda da China, a enfermeira logo desconfiou.

O caso não é isolado. Nesta semana, em Santa Catarina, moradores receberam as estranhas encomendas de sementes da China, o que levou a Companhia de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), ligada à Secretaria Estadual de Agricultura do estado vizinho, a emitir um alerta à população para não abrir os pacotes e muito menos jogar fora ou plantar essas sementes. “Eu tinha ouvido falar de casos de encomendas com sementes vindas da China. Mas na Europa, nos Estados Unidos. Não sabia de nenhum caso no Brasil”, comenta Ilona.

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Sem saber ao certo o que fazer, a enfermeira pesquisou e comentou o que aconteceu com um amigo, a quem ela entregou os pacotes das sementes fechados. “Ele disse que iria entrar em contato com algum órgão para fazer uma análise do material”, explica.

A encomenda veio numa embalagem de plástico, mais ou menos no tamanho de uma folha sulfite, bem lacrado. Dentro dele, vieram três pacotes pequenos, de plástico, almofadados. Ao sacudir, um barulho de sedimentos, como se tivesse “areia” dentro do pacote. Como o plástico é opaco, ela não tem certeza absoluta do que tem dentro. Com medo, ela evitou abrir.

Ilona ainda não sabe como seu endereço chegou ao remetente misterioso da China. “Ano passado eu fiz um pedido no exterior. Comprei uma bolsa, mas não foi de um site da China, foi de Singapura. Não sei como eles conseguiram meus dados”, questiona. Sem nem pesquisar sobre compra de sementes na internet, a chegada da encomenda é um mistério para a enfermeira.

Quais são os riscos?

Para o gerente de Sanidade Vegetal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), o engenheiro agrônomo Renato Rezende Young Blood, a encomenda pode ser algo ingênuo ou se tratar de um caso de bioterrorismo e trazer sérios prejuízos para a agropecuária do nosso país. “Abrir um pacote desses pode trazer uma série de consequências. A gente não sabe o que tem ali dentro. Essas sementes podem ser plantas daninhas ou até trazer fungos e bactérias que a gente não tem no país, causando novos problemas sanitários que o agricultor vai ter que lidar”, alerta.

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Uma planta daninha pode causar enormes prejuízos para a agricultura, que iria precisar incluir um novo agrotóxico nas plantações para poder exterminar a praga. A exposição de fungos e bactérias vindas de sementes doentes poderia causar novos problemas sanitários, que o agricultor teria que lidar. “Seria preciso desenvolver novas tecnologias, além de trazer grandes impactos econômicos”, revela o engenheiro agrônomo.

O que fazer com esse tipo de encomenda

A enfermeira Ilona soube bem o que fazer assim que recebeu a encomenda. Não abriu e logo procurou ajuda para enviar o pacote para análise de um órgão competente. “É preciso comunicar o órgão de defesa agropecuário do estado, que vai encaminhar o material para análise. A nossa recomendação é de entrar em contato com a Adapar, procurar uma unidade de defesa mais próxima pelo nosso site”, recomenda o engenheiro agrônomo.

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A análise das sementes e de possíveis patógenos presentes fica pronta em aproximadamente 15 dias. De acordo com o resultado, as informações são repassadas diretamente para o Ministério da Agricultura em Brasília.